terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais do mesmo

Meus amigos me adoram e certamente chorariam se eu morresse. Mas será que eles sabem que eu penso sempre na morte? Será que eles sabem que aquela garota alí no canto da mesa, de decote, de bolsa da moda, rindo pra caramba, contando mais uma de suas aventuras vazias e descartáveis, acorda todos os dias pensando: o que eu realmente quero com essa vida? Como eu faço pra ser feliz?

Será que eles sabem que se eu estou morrendo de rir agora, daqui a pouco vou morrer de chorar? E vice-versa? E isso 24 horas por dia? E isso mesmo com terapia, mesmo com macumba, mesmo com espiritismo, mesmo com meditação, mesmo com o namoradinho da semana. Será que eles sabem o tanto que eu sofro e o tanto que eu não sofro a cada segundo?

(Tati Bernardi)


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Medicada

Família, a base de tudo.


E então minha família conseguiu o que nada antes tinha conseguido. Milhares de problemas, como mortes, idas semanais ao hospital, estresse de vestibular, faculdade filadaputa, comissão de formatura, miséria de não ter dinheiro nem pra comer ou pegar ônibus por meses. Todos problemas menos do que isso, menores do que o agora. Em somente três meses eles conseguiram.





No meio disso tudo, eu só penso em usar a mesma frase que usei nos meus agradecimentos do convite da formatura: "Agradeço a minha família, por NÃO me ajudarem, de nenhuma forma existente". Igual, mas ao contrário.

"Tenho irmãos, pai, mas não tenho mãe. Quem não tem mãe, não tem família." (Platão)


It must have been good but I lost it somehow


Eu cansei de falar. Na verdade, não é cansar a palavra certa, já que só contei pra quatro ou cinco garotinhas o sentimento do mundo. É não ter forças para. Porque de que vai adiantar? Fico com pena das pessoas por estarem com as mãos amarradas e fico com pena de mim mesmo quando me vejo pelos olhos delas.

Em janeiro falei uma frase no twitter: "julho, chegue logo. agosto, não chegue nunca". E, meu deus, a frase do ano. Porque resume tanto. E na época eu nem sabia da loucura gigantesca que iria ser esse fase pós-formatura. Era só um medo de virar adulta, de ir embora, de sair da faculdade.

Tem um post meu mais antigo (Bobo da corte) que falo que queria vir pra Brasília pra ser feliz todo dia, em vez de ser feliz esporadicamente, em alguma festa, cachaça ou viagem louca. Que tinha cansado de sorrisos gigantes e lembranças memoráveis, queria era paz de espírito diário. E hoje olho pro lado e vejo que não consegui nada do que esperava. Pelo contrário, até. Não deito na cama e durmo sem pensar besteiras, como imaginava. Afundo minha cabeça no travesseiro e choro a vida toda, tudo que eu poderia ser e nunca serei, tudo que eu poderia ter e nunca mais terei. Fiz uma troca injusta, tão injusta. Só perdi o que eu já tinha. E não era mais o que eu queria, mas era algo. Difícil é não ter nada, nem de vez em quando. Nada.

Me pergunto incansavelmente por que a vida me deu isso. Se vai ser sempre assim, essa sensação de não ter NINGUÉM ali por você, de não ter ninguém no mundo que faria tudo por você e te daria tudo. Alias, nem é tudo. Só quero o mínimo. Só quero alguém que queira que eu esteja lá, que goste de me ter como responsabilidade. Não por obrigação, não por pena, não por falta de coragem de me dizer não. Que realmente queira, me queira.

É todo dia escutando frases que nunca achei que ia escutar, sejam elas ditas na cara, sejam escutadas sem querer, sejam faladas por atos. Gente que ofereceu ajuda por anos e, veja bem, quando eu finalmente preciso, cadê? Abismo. Gente que abre a boca pra dizer pros outros que faria tudo que estivesse a seu alcance e, olha só, me nega o básico.

Vontade de ir embora, pra qualquer lugar, pra lugar nenhum, me entende? Porque você em algum momento senta na cama e observa o nada. Percebe que vai ser sempre assim e você nunca, nunca vai conseguir o que precisava. Dez anos procurando, em cada canto, em cada lugar E não existe mais, foi embora junto. E eu quero ir também.

É demais para mim. É muita decepção, por muito tempo, em muitas direções, com tanta força. Eu não aguento mais.


domingo, 30 de outubro de 2011

wake me up when this whole fucking life ends


Então que minha vida tá uma bagunça. Gigante. Enorme. Como eu nunca achei que estaria, hoje.

Tudo que eu previa para meu futuro, desmoronou. Está em branco. Algumas coisas eu perdi porque dependiam de outras pessoas e elas resolveram que não estão a fim mais. Outras coisas eu perdi por não querer mais, não ter mais vontade de fazer, de lutar para conseguir.

É engraçado que nos últimos três semestres (sim, ainda tenho alma de universitária e divido minha vida em períodos de seis meses), a vida foi tão simples. Ok, meu cu, não foi simples porra nenhuma. Mas as coisas davam certo dentro de um limite de defeitos, sabe? Como quando eu perdi uma matéria e fiquei com medo de não formar mais, mas aí no semestre seguinte consegui pegar todas as restantes e mais ela e ficou tudo bem. Ou quando meu estágio supervisionado no lugar que eu queria deu errado e eu tive que ligar pra minha orientadora de monografia quase chorando e pedindo para ela ser minha orientadora de estágio também. E deu tudo certo, eu fui e não sei se minha monografia tinha saído tão boa se eu não estivesse em Salvador no período. Fora que depois fiz um curso na faculdade que inicialmente eu queria estagiar e, meu deus, a 2° opção, a opção do desespero, era mil vezes melhor? E paixonites que deram errado e eu agradeço por ter me libertado rápido. E coisas da formatura que não saíram como eu queria, mas hoje vejo que deve ter sido até melhor. Ou seja. Tiveram bagunças, óbvio, QUANDO minha vida foi perfeitinha, quando a vida de alguém é? Mas eram situações onde sempre existiam alternativas, onde sempre existia aquele plano B e às vezes essas opções secundárias se tornavam até melhores. E eu podia fazer o drama que fosse, na época, ficar depressiva e irritada por uns dias, mas passava. Porque eu sabia que no final, ia dar certo.

Agora, silêncio. Eu nem sei se isso é o começo, o final, o inexistente. Como saber então se vai dar certo? Não vai. Todas as alternativas são inviáveis, todas tem erros maiores do que o aceitável, todas me fazem querer desistir antes mesmo de começar. Minha real vontade é pedir uma pausa da vida, dormir por uns 2 meses e acordar pra ver se as coisas melhoram.

Porque o pior de tudo é isso, a espera. Não posso resolver nada agora, não dá pra simplesmente arrumar uma mochila e sair resolvendo a vida. Não depende de mim, não posso adiantar o calendário. E ninguém sabe o quão angustiante é esperar uma coisa que você nem sabe se vai dar certo. E se eu esperar e esperar, engolindo orgulhos e insultos, pra morrer na praia?! E se eu estiver aqui, morrendo todo dia, num sacrifício infernal e constante, pra descobrir lá na frente que não adiantou de nada e, olha só, vou ter que recomeçar do zero, sem nem saber por onde, sem nem saber pra onde?

Eu me pergunto o que eu fiz pra merecer todas essas coisas. Me pergunto quando a vida vai deixar de ser filha da puta comigo. Me pergunto como as pessoas acreditam em karma, sendo que, se eu nem sacaneio ninguém, como posso estar assim hoje? Me pergunto como as pessoas mandam eu ter fé ou rezar ou pedir algo a deus. Se existisse um deus, ele saberia que eu choro até dormir quase todo dia. E me faria parar de ter motivos para isso.


"São manhãs submersas em recordações e saudades, a sonhar calada tudo o que quis e nunca tive mais o que mereço mas ainda não alcancei. Existe uma cadeira vazia no meio de mim. Vivo apenas os dias."

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

And suddenly, it's hard to breathe



Então que minha nova piada sarcástica é que mais dia, menos dia, eu vou ser a nova Poalli (TDUD). E nêgo ri, eu rio. Mas a risada quebra no final, porque há realmente um medo de isso acontecer (ou chegar bem perto). É provavelmente a 5° ou 6° vez que eu me sinto assim na vida. Assim, eu digo, de não ter nem um lugar para morar, um lugar onde as pessoas QUEIRAM que você esteja (ou pelo menos não se incomodem), sem estar morando de favor, sem correr um risco real de ser expulsa a qualquer momento, porque só a pena que os outros ainda possuem por você te segura ali mais tempo. Essa vez provavelmente é a pior, apesar de que todas as vezes que me encontrei nessa situação, terem sido as piores épocas da vida. Mas foi a vez que eu menos previa, foi a vez que aconteceu várias vezes em um curto intervalo e foi a vez que eu mais me decepcionei.

E nessa paralisia emocional que sempre fico quando meu futuro imaginado cai em meio a um vão, penso muito em uma coisa só. Em uma pessoa e como seria tudo diferente. E eu definitivamente não conseguiria explicar isso em palavras. Mas cheguei quase no fim do livro Vacaciones (que sim, estou relendo) e uma página resume tudo. Resume tanto.

hoje é aniversário de dez anos da morte do meu pai e estou aqui olhando para a parede tentando entender como é que dez anos passaram despercebidos. sem querer ofender sua inteligência nem nada, mas você percebe que dez anos são uma década? que em setembro, quando eu completar 22 anos, terei passado mais tempo sem meu pai do que com ele? de alguma forma o tempo deveria ajudar, mas a verdade é que não ajuda nada e, se possível, até piora. o fato de estar vivendo minha pior fase também não anima muito. suspiro. tudo conspira.

quando as coisas estão bem horríveis mesmo, eu me torturo pensando que tudo seria diferente e melhor se ele ainda estivesse vivo. mas daí eu penso que se ele ainda estivesse aqui não teria irlanda, não teria argentina, não teria são paulo... e sem essas mudanças não seria eu – esse eu sentado aqui escrevendo no blog –, mas uma pessoa diferente (melhor, talvez?) a quem eu ainda não fui apresentada, se é que serei um dia. mas quer saber? eu apodreceria em campinas até o fim da vida se pudesse ter meu pai de volta mesmo que só por um momento.

E é tão igual. Eu geralmente penso em coisas como "ah, se minha mãe estivesse viva, eu não iria ter vivido metade do que eu vivi na minha adolescência, não teria morado em Salvador, não teria feito UFBa, não conheceria minhas melhores amigas, não teria tido meus amores, provavelmente nem seria veterinária". E isso as vezes conforta, porque leva você a pensar que o destino deve realmente existir e as coisas ruins na sua vida te levam a crescer como pessoa, te levam a uma nova vida que você nem faria noção que existia se não fosse por aquilo. Mais ou menos aquela coisa de Efeito Borboleta e ei, aceite as tragédias da sua vida, porque sem elas tudo estaria diferente.

Mas aí a vida te mostra como ela é, como as coisas são na realidade. E você quer que se foda todos os dias bons, todos os sorrisos que você já deu e as lembranças boas que vem com eles, tudo que você é hoje e nunca seria se o caminho tivesse continuado igual. Eu trocaria todos os dias de festas e cachaças e carnavais que tive pra ficar em casa assistindo tv todos os dias. Trocaria veterinária por qualquer curso do Senai com um emprego de caixa de banco. Trocaria minha formatura, que foi o melhor dia do mundo, por uma conversa de duas horas me ensinando o que fazer. Seria qualquer pessoa, boba, ignorante, sem experiências, sem alegria, qualquer pessoa. Eu não me importo. Eu não me importaria. Porque hoje é um dos dias que eu passo por coisas que eu não deveria estar passando, coisas que eu não passaria se ela estivesse aqui, coisas que só ela não me permitiria passar.

É incrível, sabe. A falta que uma única pessoa pode fazer na sua vida. Sem essa babaquice de "cada pessoa é única, cada um faz falta". Falo da diferença que haveria aqui, agora, se uma pessoa só no mundo ainda existisse. The piece is gone, left the puzzle undone. É incrível. Inacreditável.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Kansas


Tem um episódio de Dawson's Creek que a irmã do Pacey explica para o Dawson que Mágico de Oz é a maior incoerência filmada. Porque Dorothy passa o filme todo tentando voltar para casa, sendo que sua casa é retratada sem cores, em preto-e-branco, deserta. Então por que ela trocaria um lugar colorido, mágico e cheio de aventuras para voltar? Ela diz que a frase "não há lugar como nossa casa" é a frase mais falsa do cinema. E eu, que achava essa a única referência à Mágico de Oz digna de ódio, começo a entender.


As pessoas tomam conta demais da sua vida. Inventam coisas sobre você, sobre o que você está pensando e como está se sentindo. Porque é tão difícil perguntar e acreditar na resposta, né? Deve ser uma técnica que se adquire com a idade, essa de saber mais do que a própria pessoa sobre a vida dela. Querem viver por você, saber o que é melhor, como você deve agir.

Eu não sei se vou aguentar. Pensei isso quando tinha exatos 7 dias aqui. E repito frequentemente desde então. Eu sabia que ia ter esses problemas, mas não imaginava (ou não lembrava) que eram assim, tantas vezes, em tamanha intensidade.

É insuportável. Me sinto sufocada, vigiada, presa. to-dos-os-di-as. É como se eu tivesse 15 anos a menos. É como se eu não tivesse morado 4 anos sozinha, sem a ajuda de nenhuma dessas pessoas. É como se existisse uma guerra pra me fazer odiar o outro lado. É como se eu não soubesse o que EU quero pra MINHA vida. É como se eu não pudesse decidir, pensar, sentir.

Começo a me arrepender de voltar pra casa.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Repetido ad infinitum

Há momentos em que toda a ajuda psicológica do mundo não resolve nada. Por vezes, é preciso que o tédio se instale.

Você se aborrece de ter sempre menos do que todo o mundo parece ter, menos do que aquilo que deseja. Então, começa a pensar que talvez mereça coisa melhor, não porque aprendeu a amar a si mesma, ou por ter perdido todos aqueles quilos, ou por ter assistido a um caso incrível no programa do Dr. Phil, mas simplesmente porque ficou entediada. Entediada com o mesmo tipo de sofrimento repetido ad infinitum. Foi isso que aconteceu comigo, eu acho.

(Ele não está tão afim de você - o livro)


E eu podia escrever tudo novamente, em outras palavras, mas tá aqui já: http://putissimatrindade.blogspot.com/2010/11/eu-nao-tenho-esse-dom-de-apaixonar-as.html

domingo, 25 de setembro de 2011

Verdade desnecessária

"Muitas pessoas acham que o oposto de ser falso é ser rude". Acham que podem usar essa desculpa para falar qualquer coisa que pensam. Soltam pela boca uma bandeira da verdade, como se fosse necessário ser escrota para ser real. Não é, nunca é.

Como sempre digo, sempre: no dia que as pessoas entenderem a diferença entre ser verdadeiro e ser inconveniente, as relações vão ser melhores e mais harmônicas.

Queria que elas entendessem a preciosidade de um silêncio. Não concorde com aquele pensamento, não ache bacana aquela atitude, não ache que aquela seria seu jeito de fazer. Mas também não julgue. Não queira moldar. Permita que os outros tenham poder de escolher, que tenham liberdade pra seguir seus caminhos.

As vezes as próprias pessoas sabem que não é aquilo que elas querem. Ou que não estão bem. Você não precisa dizer. "A gente não precisa perpetuar complexos e problemas de auto-estima." A gente não tem esse dever de apontar o dedo e mandar ser diferente. Não tem esse direito.

E é por isso que falam que eu fico tão revoltada quando alguém se mete na minha vida que as pessoas tem medo de falar comigo e eu me ofender. E eu vou. Porque não acho certo, não acho pertinente. Eu vejo tanta coisa errada, tanta gente otária, tanta atitude bizarra e fico na minha. Engulo, desvio o assunto, olho pro lado, vou comentar com outra pessoa. Isso não é ser fraca ou falsa. É saber que cada um age do jeito que quiser. E se eu sei disso, por que você não pode saber? Por que não pode também só escutar as histórias e rir? Por que não pode esperar uma opinião ser pedida para da-la? Por que não pode ME deixar ser do jeito que EU quero ser?

É tão absurdo que vira uma daquelas coisas indiscutíveis, que não dá pra pedir para o outro entender. Ou você vem com essa capacidade ou vira incapaz pro resto da vida. E quanta gente desqualificada, quanta. E a errada ainda sou eu.





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

waiting, hoping, wishing


"Porque eu acredito no amor como verbo, não como substantivo. Acredito que a mulher que eu amo deve saber disso o tempo todo, pelos meus atos."

E é isso. As pessos tem que parar de achar que dizer um 'eu te amo" cura tudo. Eu costumava dizer que a frase mais linda que já ouvi era "minha vida se divide no antes e no depois de você", sem perceber o real uso da palavra 'depois'. Porque se ele quisesse estar comigo ainda, de verdade, a vida dele seria dividida no antes e no durante. E parece besteira pensar assim, "era só uma frase, não leve ao pé da letra", mas quando você analisa as coisas que passaram, distante, vê que é uma metáfora de tudo que aconteceu.

Aí penso também nas "provas de amor" que ele fez por mim. Os atos. De pegar uma estrada por 7h, em pé no onibus, pra me ver... Porque eu estava alucinada por saber que ele tinha beijado outra menina e porque eu ia sair com um amigo que dava em cima de mim no mesmo dia. De me ligar 80 vezes em uma manhã e passar a noite do lado de fora da minha casa e bater o carro.. Porque eu vi mensagens escrotas no celular dele. De se tornar a pessoa mais fofa do mundo, com declarações lindas, telefonemas de madrugada, mensagens o dia todo, surpresas e carinhos.. Porque eu tinha arranjado outro namorado e ele me queria pra ele ainda.

E percebi, aos poucos, que todas as grandes histórias tinham um porquê bizarro por trás, um motivo horrível pra ele estar fazendo uma coisa tão fofa. E eu não precisava estar com alguém que me fizesse passar pelo inferno pra depois fazer meu dia. Eu queria alguém que fizesse meu dia, todo dia, com poucas coisas, com little things. Porque amor é isso.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dating


Então, tava aqui pensando. A galera dos Estados Unidos com suas manias de fazer bailes durante a escola mudam todo um conceito de vida. Porque os adolescentes já são acostumados desde cedo a sair em casal, a convidar a menina/menino pra um encontro, a buscar ela em casa, ao que dizer (e fazer) no fim da noite. A sociedade já permite que eles pensem assim.

No Brasil, você vai pra festa com amigas. No máximo, pergunta pro cara se ele vai também, torcendinho pra ele chegar em você no meio do noite. Vocês se pegam num canto qualquer e vão pra casa sozinhos. Não tem a espera pra ver se vão te chamar (e quem vai), não tem as flores na porta de casa, não tem chegar no lugar de mão dada, não tem o cavalheirismo de pagar a conta, não tem o depois no carro, não tem romantismo nenhum. É patético.

Pior é que se isso fosse uma coisa exclusiva de adolescentes, vá lá, se entende. Mas a gente cresce acostumado com isso e fica meio abobado quando quer realmente encontros e não sabe como fazer funcionar. Ou o cara não tem atitude de convidar e fica esperando uma oportunidade, um evento em comum pra te ver ou os dois não sabem direito como agir e a noite toda se torna uma completa inconveniência, com "what the hell I'm doing here?" se repetindo mil vezes na sua cabeça.

E aí a gente fica vendo esses daitings e pedidos e despedidas perfeitinhos em filmes e seriados e quer morrer com a realidade que tem. É muito decadência. É muita carência.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Telespectadora

Pronto. Bastava isso. Somente isso. Que é muito, aliás. Estranho foi eu não ter me tocado que isso seria o quanto foi.

Estar numa faculdade estranha, que não seja a sua e nem tenha qualquer ligação com, cheia de desconhecidos. E, ao mesmo tempo, tão igual.

Os boa-praças, que já te recebem cheios de intimidade, sorrisos. As meninas certinhas de clínica, que devem ter passado 5 anos em cima de livros, com quem você nem conversaria nos corredores e banquinhos. O professor que sabe perguntar sem ofender, ensina tudo e explica o mundo. Os meninos de grandes que usam botas e chapéus e fumam e provavelmente bebem até a morte (e com quem eu definitivamente andaria). A galera do dominó na cantina, batendo na mesa e gritando, matando aula. A menina que é comissão de formatura e já tá arrecadando dinheiro e organizando festas e fazendo tudo do seu jeito (oi?!). A guria na van com a exata mesma blusa da Organização do Trote, na mesma cor, no mesmo corte, com o mesmo símbolo.

E doeu, sabe? A saudade. De ninguém, de lugar nenhum, de nada em especial. E, ao mesmo tempo, de todos, de cada canto, de tudo. Porque eu já vivi isso tudo, eu já fui parte desse cenário. E hoje eu assisto. Não me pertence, por mais que meu corpo esteja aqui, porque eu tô só de passagem. E eu ainda quero estar, quero ter, quero ser. Não aprendi a desapegar do que eu era, não consigo deixar pra trás aquela Mariana. E por mais que eu saiba que eu nunca mais vou poder ser ela, nada disso se tornou concreto na minha cabeça.

Está chegando. E doi. Doí tanto.

domingo, 28 de agosto de 2011

I think it's time to let you go

E aí eu aqui, na iminência de ficar bêbada. Pela primeira vez na nova cidade. Bem dengosa e manhosa, lembrando do discurso de formatura, quando disseram que eu fico muito fofa quando tô alcoolizada. E olha: verdade? Porque tenho duas situações: ou fico louca do cu fazendo merdas do tipo desmaiar em palcos, enfiar a cabeça num isopor cheio de gelo e quase me afogar no mar de calcinha-blusa ou fico toda carinhosa, abraçando as pessoas, dando selinhos e dizendo coisas que eu sempre quis dizer, mas faltava coragem. E essa segurança líquida de que tudo vai ficar bem, mesmo que as declarações sejam too much e mesmo que nêgo nem queira ouvir. E essa sensação que o mundo vai acabar daqui a pouco e você precisa deixar as pessoas com todo o sentimento que você tem por elas. E esse esquecimento que as vezes as pessoas NEM MERECEM o que estão ouvindo/lendo, porque bem ali, há pouco (pouquíssimo) tempo atrás, ela foi filádaputa com você.

E fico me perguntando se existem pessoas que são carinhosas comigo sem eu merecer do mesmo jeito que eu sou carinhosa com quem não merece. Pessoas que tentam me fazer entender o que elas sentem por mim e enquanto eu fico no mesmo pedantismo que as pessoas que tento fazer enxergar o que eu sinto por elas. Numa atitude de entrega absoluta de um lado e de "é o que? menos, menos" do outro.

E, bem, eu acho que sou sempre mais. Mais, mais, mais. Sempre peco pelo excesso, sempre. Ninguém nunca chega em mim e diz "olha, acho que você devia ser mais assim". Os comentários são de "muito exagerada, muito dramática, muito brigona, muito teimosa, muito animada, muito louca". E eu devia ser menos.

E eu devia largar mão de achar que as pessoas se importam tanto comigo quando eu me importo com elas. Que elas gostam tanto de receber essas mini-declarações de amorzinho tanto quanto eu gosto (ou gostaria). Que elas gostam tanto de mim quanto eu gosto delas.

Porque, cara, não gostam. Nunca vão gostar.



sábado, 20 de agosto de 2011

Por que está amanhecendo?

Olha. Sem palavras.

Simplesmente sem palavras.

Só tenho mais um dia. E pronto, acabou. Um dia pra ver todo mundo e se despedir e ir embora. Um dia pra deixar pra trás a vida que eu venho tendo há anos e anos. Um dia pra realmente, de verdade, acabar tudo.

Não vou mais escrever. Não posso. Medo da hora que eu vou começar a chorar e não parar mais. E tá chegando.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Plataforma 9 e 3/4

Aí que eu tô morrendo de medo. De ir e me arrepender. Da minha vida aqui ser mais perfeita do que eu imagino - e acredite, eu já acho ela bem linda. De chegar lá e as faltas serem sentidas de uma maneira inimaginável. De, mais uma vez, ver que só quero ter o que que eu não posso. E que só quero porque não posso.

E sei que além das coisas óbvias do porque seria difícil demais ficar, tem aquilo. Se continuo aqui, me vejo numa estação de trem, olhando pra um vagão cheio de rostos conhecidos e eu parada na plataforma, vendo ele partir. Todos indo embora, empolgados, sorridentes, com entusiasmo no ar e eu ficando para trás. Com a mala encostada no pé, mas com medo demais de dar o último passo. O passo que me deixa parada ou que me faz embarcar. O trem que muda a história toda. E eu não quero ser assim. Não quero ter uma meia vida, uma vida que eu não escolhi, uma vida que não vai mais existir fora da minha cabeça, só porque há pânico em tentar. Não quero ser dessas que desistem.

Mas aí vejo livros e blogs e filmes e, às vezes, a decisão maior não é ir. Não é abandonar tudo e partir. É decidir ficar. Quando tudo já está em ordem e arrumado e em perfeitamente harmonia. E quando tudo leva você a escolher aquele caminho. Aí você joga pra cima porque você vê que não há necessidade em andar. Porque você já está exatamente onde queria estar.

E a dúvida toda é essa, agora, no final.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Estamos indo de volta pra casa


Ontem eu enrolei horas pra dormir. Já com o o olho ardendo e o tédio gigante chegando, mas me debatia pra desistir. Não entendi bem por que, mas sabe quando bate uma ansiedade do nada e ela vai crescendo, crescendo e crescendo até se tornar maior que você? Foi algo do tipo.

Quando finalmente botei a cabeça no travesseiro, veio um rio de lágrimas. Gotas desesperadas, descendo sem nem esperar o motivo para estar ali. Milhares de imagens vindo na cabeça, momentos do passado que eu sei que não vão mais se repetir e premonições de um futuro próximo que chega à galope: minha despedida.

Isso me deixou com (muito) medo. Porque até então (e ainda agora) eu estava (estou) bem tranquila. Na minha, de boa. Como quem arruma uma mochila pra passar um feriado fora. E a preocupação toda é que a ficha ainda não tenha caído. Que eu me dê conta somente na hora de dar o último abraço nas pessoas que aquele vai ser o único abraço por meses. Que eu entenda só no último momento o que ir embora dessa cidade significa. Que eu fique desesperada e desista. Que eu tenha ataque de pânico e enlouqueça. Que eu deixe os sentimentos falarem mais alto que a cabeça.

É estranho me imaginar saindo de Salvador triste. Todas as vezes que comprei passagem pra sair daqui, era com um suspiro de alívio preso. Suspiro que eu soltava assim que chegava no local do destino. Podia ser pra ver a família, viajando em interiores da Bahia, indo pra cidades distantes. Era sempre um prazer não estar na cidade que eu era obrigada a estar. E agora? Será que vou pisar no aeroporto de Brasília odiando tudo por lá? Será que o nó na garganta vai existir quando o avião sair de Salvador? Será que vai ficar tudo ao contrário, como um reflexo no espelho? Será que eu vou querer voltar no instante que chegar?

E as coisas que podem dar errado lá. Infinitas. O medo de não dar certo, de não vencer, de não ser feliz. As regras da família, as confusões mineiras, a prisão que eu odeio tanto. A solidão, a vida sem graça, a "adultice". A saudade. O que tô deixando para trás aqui e que nunca mais vou encontrar igual. Minhas coisas, minhas pessoas.

Tudo isso vai passando pela cabeça enquanto as malas vão enchendo. Já são três. Lixo/doação, tanta coisa que eu nem sabia mais que tinha, tanta coisa que eu vou sentir falta mas não é mais útil, tanto passado. "Vai depois" cheio de memórias, antigos diários, álbuns de fotos, livros queridos, cadernos. E a de agora, com os vestidos e sapatos queridinhos que ficaram, os porta-retratos, as maquiagens e esmaltes. É difícil ver no que se resume suas coisas, no que se resume você. Uma casa nunca foi tão minha, nunca morei em um quarto por tanto tempo. A porta do armário que emperra, as escrivaninhas branca-e-madeira que eu copio no The Sims, o adesivo da Pucca no espelho do banheiro, os colares de Gandhy pendurados na cabeceira da cama, o chuveiro frio, a porta cheia de penduricalhos, coelhos por todos os lados, o colchão de 17 anos, o chapéu de cowboy escondendo a torneira. Ver isso vazio vai ser como ver minha vida vazia. Apagada. Deixada para trás.

Acabou mesmo, de verdade. E eu nem acredito.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Bobo da corte


As pessoas andam pedindo para eu ficar em Salvador. Principalmente as que não são tão minhas amigas assim. (As mais próximas, não sei. Acho que é sempre mais difícil imaginar que a pessoa vai embora de verdade e mais complicado de assumir que quer que ela fique. E elas entendem que não cabe a elas exigir aquilo. Mas enfim:) Elas falam que eu sou muito alegre, muito contente e muito divertida pra ir embora (?). Porque eu combino com Salvador e pareço baiana (?). Porque o Mev vai ficar diferente sem eu estar lá e não tem ninguém pra me substituir (essa sem ponto de interrogação, porque eu concordo - hahaha).

Aí eu me pego pensando: mas só é possível ser boba-alegre em Salvador? Só dá pra ser essa pessoa extrema na Baêa? E a resposta é: sim, só aqui.

Não é nem uma questão de cidade em si. É tudo que eu vivi e criei em torno de mim e me construí. Aquela velha coisa que eu venho falando a meses aqui: a personagem. E agora, em horas de despedidas, as pessoas resolvem ficar sentimentais e declarar seus sentimentos. E eu já ouvi "ela chega nos lugares e anima o que tiver acontecendo", "dá pra escutar sua voz de longe já, porque você tá sempre agitada com alguma coisa", "não tem menina igual você no Mev, com sua atitude", "você deixou tudo mais empolgante", "seu sorriso tava enorme, você era a mais feliz", "o palco era seu", "você é engraçada demais, Mari" e milhões de outros elogiozinhos que vão revirando o estômago e te fazendo feliz pelas conquistas. E eu sei que a faculdade me criou assim, que meus amigos já sabem como eu sou e me aceitam, que a fama que eu tenho não se cria em 2 meses e que tudo é diferente onde pra onde quer que eu vá e não seja isso daqui.

Vi isso no meu estágio supervisionado. Era na cidade do lado, em um hospital veterinário, mas parecia outro mundo. As pessoas eram tão estranhas, minha energia ficou outra. Nunca consegui me soltar e ser eu de verdade. Nunca me conheceram lá como eu realmente era na UFBa. E as vezes parecia que eu ia explodir pra dentro de tanta mudança, de ser tão diferente do que eu estava acostumada, dos tratamentos serem estranhos, da visão das pessoas serem erradas. E as vezes eu parava de me ligar, porque eu sabia que aquilo ali era passageiro, que não era minha casa, que eu não precisava me doer tanto. Porque acabava o dia e eu corria pros braços de quem importava.

E agora indo embora de vez, rola o medo de acontecer a mesma coisa. De ir e me deparar com festa estranha, gente esquisita. De nunca mais poder ser quem eu fui esses últimos anos, de nunca mais ter a chance de mostrar o TANTO que eu posso. De estar pra sempre em segundo plano, rindo ou torcendo o nariz pro palco dos outros, não sendo o papel principal das histórias. E, deus, quanto sarro eu já tirei deles, revirando o olho e falando "é coadjuvante"? Quantas vezes eu já me peguei com medo de ser uma dessas menininhas populares de colégio americano que, quando acabam o ensino médio, só fazem decair na vida? O quanto eu simplesmente não-consigo ser segundo plano?

Às vezes sinto que estou abrindo mão de todas as festas, as farras, as diversões, da vida. O trote do semestre que vem chega e eu provavelmente não vou estar aqui. E é difícil ver o restante da Organização que sobrou arrumando as coisas e você ficando calada pra não opinar demais, porque não cabe mais a você aquilo. É difícil ver Comissões de formaturas novas sendo formadas na mesma semana que a sua acabou. É difícil pensar em gente falando sobre o carnaval do próximo ano sem saber se você vai poder estar aqui mesmo. Agora é uma saudade de um tempo que já passou. E me levou com ele.

E outras tantas vezes, eu penso que já acabou mesmo. Tudo que eu sinto falta, não é uma falta que seja da cidade. É saudade da faculdade. Que acabou, acabou mesmo e não volta. Eu ficando, me alimento de migalhas que nunca vão me satisfazer, porque eu vivi o Mev com a intensidade que poucas pessoas viveram. Então qualquer coisa que for menos do que eu já tive, vai ser quase inútil. Eu vou viver de passado, de restos, de pedacinhos de memórias que a gente vai revivendo aos pouquinhos ao longo do tempo. É uma espera infinita por algum dia perdido no meio do caminho. E o resto do caminho todo sendo andado com pés machucados e joelhos esfolados. E eu não quero isso pra mim.

É como se eu tivesse que escolher entre ser feliz epicamente, uma vez por mês, na festa da vida... ou feliz todo dia, em pequenos pedacinhos, com sorrisos leves e paz relaxante. E eu já tive MUITO da primeira opção, já vivi tudo que tinha pra viver, já me permiti. Tá na hora de (re) conhecer ser feliz todo dia, o dia todo. Tá faltando.

domingo, 7 de agosto de 2011

Eu, todinha

Você está tão sensual agora.
Só agora?
Só.
Mas estamos juntos desde as seis da tarde e só fiquei sensual agora?
Só.
Mas eu te fiz rir das seis da tarde até agora.
Macaco de circo não é sensual, é divertido, é legal, mas não é sensual.
Eu sempre achei que ser engraçada era meu ponto forte.
Não é.
(________).
Você ficou mal com o que eu falei?
Muito.
Por quê?
Porque sem fazer piada eu não sei fazer mais nada.

http://pensador.uol.com.br/frase/ODA0ODg2/

Levianos

Sabe qual é o problema? É que tudo isso são coisas das quais não se podem reclamar.

Sabe, dessas coisas que não podem ser motivos de brigas, porque oi, são coisas que a pessoa dá porque quer, por livre vontade.

Como aquela coisa de responder mensagem de texto. Você manda a mensagem porque quer, porque tem o que dizer e porque quis que o outro soubesse daquilo. E tem gente que responde e gente que não. Você vai reclamar que a pessoa não respondeu?! Ou ela não se importava ou nem tinha o que dizer.


É igual aquela história de quem vai te buscar no aeroporto. Tem quem se ofereça pra ir e tem quem fale "mas eu iria te buscar se você me ligasse! porque você não me pediu?!" Porque é algo que não se pede.

Eu deixei você agir assim comigo. Eu deixei que as coisas chegassem a esse ponto. "As pessoas te tratam da maneira que você permite que elas te tratem". E elas te tratam. E você não pode reclamar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

The time of my life


Eu venho adiando esse post, porque não sei nem o que escrever. Não tenho palavras pra descrever o quão linda e perfeita foi minha formatura. Tudo, tudo.

A família chegando aos pouquinhos. Os-dias-de-spa que tive em Imbassaí pra desestressar. O experimentamento de milhares de roupas, brincos, sapatos. A ansiedade infinita de ver chegando e você só poder esperar. As risadas no msn e em casa no dia anterior, quando já tava tudo pronto e só me restava comentar e contar os minutos.

O dia no salão, o esmalte que tinha, o cabelo com nêgo perguntando se era megahair, a maquiagem de boas, o horário mais cedo do que eu imaginava.

A solenidade PERFEITA. As pessoas chegando pra tirar fotos lindas. Nêgo abraçando meu cabelo e eu gritando. O camarim so so far away. A comissão de formatura com brilho no olho por ter acabado os problemas. Meu nervosismo de quase vomitar quando fui passar o texto pela última vez. A foto da escadaria, com o pensamento longe. A filinha pra entrar, ouvindo finalmente a música que eu vinha ouvindo há seis meses, sabendo que quando ela tocasse, haveria o maior frio na barriga do mundo. O frio na barriga. Meu irmão fofo me acalmando e me abanando. A entrada mega rápida, correndo, porque a empolgação era muita, com gente me gritando. Passar correndo nos bastidores, ouvindo os putetês lá fora. Sentar na primeira fileirinha. O vídeo de abertura mais comédia do mundo. Ouvir as risadas e os gritos da platéia enquanto eu fazia merda no telão, rebolando e beijando pessoas, mas sem ver ninguém. As cortinas se abrindo com a música errada e o olhar de Bia de "eles vão fuder essa solenidade toda!". O estômago dando voltas e voltas. O requerimento e juramento. "Chamamos para a posição de mestre de cerimônias os formandos Gabriel Pereira Paim e Mariana Coelho d'Avila". E a tremedeira da vida, perna, mão, cabeça. não-vou-conseguir-não-vou-conseguir-não-vou-conseguir. Consegui. Os abraços dos lindos BFF's que ouviam seus chamamentos e choravam e quebravam o protocolo pra comemorar comigo. As gargalhadas e os erros. As dancinhas. A mulher falando no meu ouvido coisas que eu já sabia, coisas que eu não conseguia prestar atenção. "Sorria, Mariana!". E meu texto mais lindo do universo, falando de Comissão de formatura, Organização de trote, Noras de Gandhy, brigas, cachaças e fofurices. Era eu, todinha. Minha música, enfim. Entrar com a paz do mundo, dançando, me divertindo, com gente beijando minha mão, gente sorrindo pra mim, enxergando balão, letras, bandeiras, buzinas e cada pessoa que comemorava comigo. Minhas irmãs lindas me entregando a placa. "Ai, Mari, vou chorar" e "Grifinóooooria!". Confetes e fotos. Voltar correndinho, e pensar "mas já?!". Dançar tome-tome-tome-tome-tome-tome-tome-BUM, olhar pra trás e ver todo mundo fazendo igual. Acabar e pensar "quero de novo..". Sentar e ouvir o discurso, com várias palavras minhas, várias frases que eu falei durante 6 anos, coisas que eu vivi todo dia, minha vida. Ouvir professores lindos dando conselhos lindos. "Faça o que goste, goste do faz e que os outros gostem do que você esteja fezendo" e "falou em festa, Mariana tá ali em cima toda animada". Acabar e pensar PUTAQUEPARIUFOIMUITORÁPIDO. Ser a primeira a jogar o chapéu pra cima ouvindo a música que representa tudo. Pensar, enfim: sou médica veterinária, porra. Sou de verdade.

Sair com o calor do mundo e ver uma das pessoas que eu mais queria ali (e que não vinha). Felicidade exalando de receber os parabéns de todos e saber que ainda tava começando. Correr pro camarim e uma agonia sem fim pra se vestir de novo, mudar brinco, mudar tudo. Sem tempo nem pra sentir a dor mais dolorida que meu pé já pensou em sentir.

Festa DA VIDA. Chegar levantando o vestido de princesa, de chinelo, com gente entulhada na minha mesa - que era a melhor. Implorar pra começar a festa logo, a banda, a valsa, qualquer coisa. A valsa com os três homens do meu hoje. As havaianas da turma. Ser a primeira a subir no palco e descer correndo quando vê o parceiro de solenidade passando mal. Dançar todas as músicas no palanque, cantar Zezé com Zé na beira do palco segurando o chapéu de cowboy e sofrendo o mundo, descer até o chão com a bengala de Yuri, dar selinho da festa toda, ter amiga linda indo separar casal errado lá longe porque eu fiquei com ciúme, apontar pra galera lá embaixo e mandar subir, beijar em cima do palco (!), dançar forró com meus lindos, beber tequila e uisque presenteados, não comer nadinha, o cantor cantar ela-é-toda-boa pra mim, a festa passar voando. Meu garçom sombra fofo demais da conta me servindo e me mandando comer e avisando pra festa toda que eu tava locadocu de bêbada e ia desmaiar. E desmaiei. E recebi atendimento médico em cima do palco e não quis descer e só sai quando o peguete me arrastou de lá. E sai dando vexame na festa toda e acabei carregada, com meus amigos tirando fotos e chorando e discutindo com a organização da festa porque não tinha posto de saúde pra mim - sendo que EU tirei o posto de saúde do orçamento. E pedir pra ir embora e as lindas me levarem e eu dar vexame no prédio e nêga me dar banho e as porra tudo. Acordar e pensar no tanto de coisa que eu devia ter perdido, mas esquecer e sorrir falando "caraléo, foi de fuder demais".

E ser o dia da vida, o dia mais importante do mundo, o dia que mais esperei e planejei. E nada ter dado errado, tudo ter superado as expectativas e ter acontecido numa perfeição tão grande que chega a ser inexplicável. O momento da minha vida. Pra sempre.

domingo, 3 de julho de 2011

Lions, and tigers, and bears! Oh my!



Eu ando pensando o que eu vou fazer em Brasília. Essa semana eu dei a resposta definitiva, tanto para as pessoas daqui quanto para as pessoas de lá, que eu iria mesmo me mudar. Que se despedissem e que me esperassem. E ficou oficial. E desde então eu fiquei apática, boba-retardada, sem saber o que fazer.

Antes eu estava arrumando o quarto, tentando fazer que que tudo que eu fosse levar coubesse num armarinho de 2 prateleiras que eu tenho. Jogando xerox fora, separando cds, esvaziando gavetas, tirando poeira de livros, pensando nas roupas que eram essenciais. Ficava imaginando minha vida lá, conseguindo um emprego queridinho (ou um que pagasse bem, o que vier primeiro), tendo almoços de família no domingo, ajeitando minhas fotos no novo quarto, me perguntando se tem espaço pra mim no armário, empolgada em andar pelas ruas da cidade.

E agora, silêncio na minha cabeça. Parece que estou caindo em um abismo, uma queda silenciosa e sem velocidade. Quando você só espera o baque no chão, porque sabe que não vai criar asas, não haverá para-quedas, não surgirá um avião pra te salvar. Não consigo resolver mais as coisas, não consigo sonhar, não consigo agir. Estou em um semi-pânico de "o que estou indo fazer lá, por que decidi mesmo ir embora?". Meus irmãos estão aqui. Meus amigos são todos daqui. Esse é meu quarto, minha cama, meu banheiro, minhas coisas. Minha faculdade foi feita aqui, as festas que eu gosto de ir só tem aqui, as músicas que eu curto são as pessoas dessa cidade que gostam. Aqui, eu tenho liberdade, independência, responsabilidades.

Aí eu lembro que sempre foi assim. Eu sempre desejei as coisas mais pelo conseguir do que por realmente ter aquilo. É assim com garotos, com compras, com a faculdade, com a vida. E fico me perguntando se eu não passei todos esses anos querendo voltar pra Brasília justamente porque eu não podia voltar. Aquela coisa de só desejar o que não se pode possuir.

E agora, que eu posso, será que ainda quero? Será que ainda sigo a estrada de tijolos amarelos e encontro o caminho de volta pra casa? Por que Oz parece tão colorida em comparação com o preto-e-branco da minha vida lá? Estou sendo a própria bruxa malvada do oeste? Pensando se descalço os sapatos ou não.




sexta-feira, 1 de julho de 2011

Being Mariana


Sou o tipo de menina que acha que é igual a Joey, mas na verdade é a Jen. Sou a Emily que tem atitude de Effy. A Jenny que quer ser Blair. A Haley tentando se encaixar na Brooke. A Caroline que tem invejinha da Elena.

Assim, sabe? Querendo ser disputada por caras que te amam inexoravelmente e fazem mil provas desse amor, mas na verdade sendo a pessoa que tá sempre sozinha na vida, escondendo minhas paixonites porque não acho que vou ser correspondida, correndo atrás de quem não me quer tanto assim. Me imaginando com o primeiro lugar no pódio, a diversão máxima, o bem-querer de todos. Mas sempre com seus meios ilícitos de escapar da realidade, na sombra, fazendo papel de personagem secundário e substituível. Sonhando com roupas perfeitas, o namorado-príncipe, a popularidade infinita. E sempre percebendo que o corpo não é bom, o garoto não é nem bacana com você e a fama vem pelos motivos errados, com características erradas.

É cansativo tentar ser quem você nunca vai chegar perto de se tornar. É exaustivo continuar desejando uma mudança que nunca vai acontecer. É decepcionante demais saber que você nunca vai gostar de verdade de quem você é.


terça-feira, 28 de junho de 2011

Histriônica e Apática


E aí que eu sou essa pessoa. Que fala alto, que bebe vodca e corre pro mar de madrugada, que fala palavrão toda hora, que desce até o chão em palcos. Que participa da organização de festas, que tem bloco de carnaval, que é presidente da turma, que faz palhaçada até pra professor mal-humorado de quem todo mundo tem medo. E, de repente, sou eu sozinha no São João.

Me irrita só em pensar em ter que conviver com gente eu-não-gosto-tanto-assim-de-você por mais de algumas horas. De ter que acordar e dar bom-dia pra quem, guess what, eu não me importo se você vai ter um bom dia, não me importo se você vai ter um dia de merda, não me importo se você vai abrir a porta da rua e tomar três tiros no estômago, porque o fato de você ter me acordado cedo, gritando e fazendo piada, faz você merecer isso. De ficar sozinha enquanto suas amigas estão com outros caras que vestem camisas cortadas apertadas, porque você tem toda aquela vibe de não conseguir se envolver com caras que você não conhece a menos de 6 meses. De dormir mal porque só de pensar de passar a noite na cama do quarto do lado ao seu já dá aquela agonia no corpo todo, então imagina só deitar em um colchão inflável, sem edredon, no frio, com desconhecidos do seu lado, roncando e deixando o celular tocar de madrugada. De ter que dançar com carinhas que você nunca viu na vida e nem nunca mais quer ver e responder a sequência ‘qualseunome-temquantosanos-deondevocêé-fazoquedavida-temnamorado?’ e, really, eu nem queria estar dançando com você, quanto mais conversando. De não poder entrar num ônibus de volta pra casa no dia seguinte, como você quer, porque a antipatia do mundo vai ser seu nome a partir daquilo e as pessoas vão passar o resto do feriado falando o quanto você deu mole.

Aí vem na sua cabeça essa preguiça gigante de tudo que você sente ultimamente. "A preguiça das pessoas, porque elas são muito chatas". Aquela lentidão de pensamentos, a necessidade de só ter coisas que não acarretem em um esforço, físico ou mental. O tédio que você tem, de conviver, dos lugares, das atitudes, da vida. "O desprezo pelas obrigações sociais e uma falta de consideração com os sentimentos dos outros.". Nada traz mais aquele deslumbramento , o olhar aceso, o coração batendo rápido, a mão suada. O frio na barriga. Acabou. Vem a indiferença, a resignação. Me faltam desejos. Me faltam vontades. O animo de lutar pelo que se quer, ir atrás de sorrisos, fazer o que você realmente gosta. Porque eu sei que eu vou desistir no meio do caminho, enjoar, me irritar, querer ficar sozinha. Isolamento, sabe? E a solidão se faz.

São limites. Eu não sei qual é o certo. A linha que muda tudo, onde que uma coisa se difere da outra. Até onde é normal, é fase, é meu, é personalidade? A partir de quando se torna algo que a gente deve olhar direitinho, um motivo de conversas com hora marcada, um razão pra ansiolíticos e calmantes e coloridinhos que trazem paz? Como saber?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

I'm free to be whatever I choose

Tava aqui pensando. Do bloqueio gigante que eu tô em escrever aqui sobre ir embora. Em escrever em qualquer lugar, em falar sobre, em pensar.

Quando o semestre passado acabou, no último dia das provas finais, com minha aprovação concreta, eu fui pra casa e chorei o mundo. De felicidade, por estar a 3 passos do fim e de tristeza, por estar a 3 passos do fim. Acabar a faculdade sempre significou voltar pra Brasília, porque eu só fiquei realmente presa em Salvador por causa disso. Aí passei os últimos meses todos me fazendo esquecer que eu ia. Porque tinha muitas outras coisas pra pensar e entre estágio, monografia e comissão de formatura, eu me escondi. E agora que tudo vai sendo resolvido, agora que eu tenho dias e dias livres, vem o desespero.

Lembrei outro dia da quantidade de vezes que eu desejei simplesmente entrar num ônibus e voltar pra "casa". E especificamente de uma vez, voltando da casa do namorado depois de uma briga, a noite, na chuva, de encostar a cabeça na janela, fechar o olho e imaginar o dia que eu finalmente pudesse escapar de tudo aquilo. De não ser obrigada a ficar aqui, a passar por tudo que eu passava, tudo que eu passei. De como minha vida seria diferente se eu simplesmente tivesse passado em outro vestibular.

A liberdade que eu queria, chegou. Nenhuma parede me prende mais a Salvador, nenhuma porta trancada que eu não tenha a chave. Eu posso ir embora hoje, se eu quiser. Voltar só pra defender minha monografia, entrega-la e tirar o diploma. Assim, nessa facilidade. Assim, num piscar de olhos.

Sobraram, então, as cordas invisiveis. As que eu penso todo dia e as que me fazem ter second thoughts. Algumas que eu já sabia que existiriam, os mesmos velhos laços que me ajudaram a fincar o pé aqui 7 anos atrás. Outras, novas, mas igualmente fortes. E as muitas que eu sei só existem porque são simples de existirem, mas que vão desatar o nó logo mais. Mas esse emaranhado de fios seria suficiente? Seria o bastante?

Hoje eu olho pro lado e me vejo sozinha. Não em um sentido de carência e tristeza, mas com a independência que eu nunca imaginei que já tinha. Meu último são joão na Bahia e eu passo em casa, comigo mesma. Não tanto por escolha, mas, no fim, o que importa são os fatos, não os porquês. E então, se é desse jeito, me faz pensar que é realmente hora de ir. Hora de saber que quem importa, vai se fazer notar onde quer que seja. Hora de saber que as coisas vão acabar e é melhor que acabem com um grand finale do que se esvaindo no vão. Hora de escolher um caminho e seguir, em vez de deixar na mão dos outros essa decisão. Hora de desapegar e largar o medo de deixar o conhecido. Porque o conhecido não me segura mais. Eu estou à frente dele, estou livre. Livre. And if it's wrong or right, it's all right.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais uma vez

sabe qual o meu problema? eu baixo a guarda muito fácil. esqueço as 352 horas de raiva depois de 1 minuto de amor.

e eu fico feliz com coisas tão retardadas. um "sempre lembro de você quando vejo isso" me faz ficar boba-alegre o resto do dia.

dá saudade das coisas mais simples, de você simplesmente PODER gostar da pessoa e não se sentir uma tapada por isso. porque eu me sinto uma tapada. eu sou uma tapada. mas não quero ser, entende? ou pelo menos não quero demonstrar.

aí eu crio minha cara de "tô nem ligando pra você" e visto minha pose de antipática. aquela que as pessoas dizem que eu tenho quando não me conhecem.

e fico fantasiada até ouvir uma coisa retardada e desmanchar. e viro tapada de novo.

domingo, 15 de maio de 2011

Quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos

E amanhã eu faço 25 e passo enfim para a fase dos 'vinte e tantos anos'. Uma mudança que eu odiava, por sinal. Agora, nem tanto, nem tanto.

Nas minhas atuais 352 horas de ônibus diárias, estava pensando no que mudou com a idade. O que me faz diferente da garota de vinte e poucos anos que eu era.

Amenização. Parei o ar de revolta. De querer mudar o mundo, de bradar, pra quem quisesse ouvir, minhas verdades. De de ser 8 ou 80. É uma coisa mais suave agora, de resistir ao que não me é bom, de aceitar por mais tempo situações ruins, de continuar a ser simpática com gente que me dá agonia, só porque TEM que ser assim. E nem tem, sabe, porque eu já fui ao contrário disso tudo. Mas agora eu respiro fundo, uma, duas, dez vezes se precisar, porque é mais fácil do que ser a locadocu que quer fazer do seu jeito.

Fatalismo. Eu aceito as coisas, sem me importar muito, sem os ataques de histeria e depressão que aconteciam antes, sem acreditar que podia ser diferente. Agora eu tento decidir o que fazer a partir daquilo. A pessoa que você não esperava deu um vacilo irremediável? Eu pego minhas malas e vou pro outro lado do país ver a melhor amiga enquanto o clima ameniza. O estágio queridinho deu errado? Eu resolvo em uma manhã um lugar novo para cumprir minhas 340 horas obrigatórias. Não tenho dinheiro para pagar a formatura que chega a galope? Eu espero até o último mês pra ver se algo chega. E assim eu vou, cantando 'se avexe não' e esperando o que vai vir. Sem desejar muito, sem me decepcionar muito. Porque vai acontecer o que é pra acontecer, de qualquer jeito.

Perseverança. Quando eu olho para os últimos semestres de faculdade (e até esse mesmo), dá pra perceber o quanto eu mudei. Eu me determinava e conseguia. E era difícil, exaustivo, chato, mas, no fim, eu sentia um orgulho gigante de ter feito do jeito certo. E eu fiz 18 matérias em um ano e meio e peguei um estágio em "outra cidade" e uma orientadora que eu nem conhecia e um tema enorme de monografia, tudo isso pra conseguir a formatura que um dia, em agosto de 2009, eu decidi que queria. E vem dado certo, vai dar certo. E o orgulho vai ser ainda maior.

Independência. É uma palavra geral, sabe? De não ligar mais para o que os outros dizem, por saber que as pessoas SEMPRE vão ter algo maldoso a dizer, então você pode escolher entre se divertir no meio disso ou não. De não ser tão carente e necessitar tanto das pessoas, sabendo curar suas mágoas e problemas mais sozinha. De não achar que precisa estar apaixonada pra ser feliz. De ver que não adianta correr atrás de pessoas que não se importam com você, porque elas vão continuar sem se importar e você vai sofrer com isso. "Quando eu olhar pro lado, eu quero estar cercado só de quem me interessa" vira lema. E tudo fica mais fácil.

E, de verdade, é isso que eu vejo hoje. Tudo ficou mais simples. É mais fácil aceitar as rasteiras que a vida te dá, é menos dolorido passar pelas decepções, é menos difícil desapegar de pessoas que não deveriam estar ali, é mais rápido escolher outros caminhos além daquele que estava programado. Porque tudo vai mudar de última hora, não importe o quanto você tenha planejado os mínimos detalhes. O que torna tudo diferente é a maneira como você vê as coisas.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O estágio, a Unime e o guarda-roupas

Resumo do meu dia:

casa
roupa branca
roupa branca + jaleco
pijama cirúrgico
roupa branca + jaleco
roupa branca
roupa branca + jaleco
pijama cirúrgico
roupa branca + jaleco
pijama cirúrgico
roupa branca + jaleco
roupa branca
casa

Pra quem reclama que eu estou sumida... Eis o motivo. É muito tempo perdido mudando de roupa.

sábado, 19 de março de 2011

Eu vou me indignar. E chega.

Eu odeio finais de filmes. Porque eu já sei o que vai acontecer, porque já passou tempo a mais que minha concentração permite, porque é sempre tudo meio exagerado ou errado.

Deve ser por isso que eu tô odiando o agora. Porque já se pode ver que as coisas vão morrendo até desaparecer, porque já demorou mais do que deveria, porque tá tudo errado.

E eu vou esperando, me remexendo na cadeira, me indignando com coisas pequenas, agoniada com os últimos minutos, que não acabam. Corre o tempo, tic-tac, corre logo. Quero acelerar. Quero apertar o X. Quero que acabe o que já acabou há 2 meses atrás.


Ps: Sabe o que me irrita? Eu sabia exatamente o que ia estragar a história. Eu falei, premeditei. “Tomara que isso não seja um motivo pra tudo desandar”. Já sabendo que seria o que ia acontecer. Ou seja. É muita burrice. É muita vontade de dar chance pro azar entrar em jogo. É muito deus-dará. E se deus não dar? Como é que vai ficar, oh nêga?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Tô me guardando pra quando o carnaval chegar


E existe um medo gigante desse carnaval. Sempre existe, lá no fundo, De dar errado, de ser chato, de não ser tudo aquilo que se espera. Sempre é mais, bem mais. Cada ano é diferente do outro e tem uma coisinha que marca (ou várias) e faz daquele único.

Mas agora há um pânico acrescentado, um desânimo que resiste em desaparecer por completo, um receio de saber de ante-mão o que pode acontecer. E adivinha: eu vou me ver reclamar que aconteceu. Porque eu sei.

E eu fico aqui tentando botar na minha cabeça que, já que eu já sei, eu deveria estar preparada e menos preocupada. Já esperando o erro e imaginando que ele já tenha ocorrido. Pro baque não ser grande lá na hora, pra decepção não ser tanta que me faça desistir de tudo.

Mas eu não quero falar nada, nada de nada. Quero ficar aqui sentadinha na minha última noite calma antes do putetê mor da vida chegar. Porque eu passo um ano inteiro, todo ano, esperando isso. E não vou estragar por pouco.

E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quando eu olhar pro lado eu quero estar cercado só de quem me interessa


Sabe qual o problema? A gente fica nessa história de "ah, não vou acabar com uma amizade tão importante, de tantos anos, por isso.". E assim vai aceitando o inaceitável, passando por cima do que não devia ser esquecido, só para manter a pessoa do lado. Vale a pena?

Porque, veja bem, vamos pensar pelo outro lado. Se essa relação é tão linda assim, se significa tanto, não seria muito mais fácil o erro não ser feito do que você ter que superar ele? Por que eu tenho que ser altruística quando você nem se preocupou se ia me fazer mal, se ia me deixar chateada, se eu ia me importar em imenso?

É um tipo de atitude não dá mais para conviver. Não tenho mais necessidade de estar junto, de aguentar nada disso, porque não faz mais sentido. Eu dispenso. Naquela vibe de 'já deu o que tinha que dar'. Já tem coisa ruim demais envolvida pra querer continuar algo. Qualquer algo.

E pior é ver que ninguém nem merece tanta preocupação minha, tanto desprendimento de tempo e sentimento e importância.

Eu não sei por que eu me surpreendo com as pessoas ainda. São iguais, sempre, iguais. Otária sou eu que espero mudanças. Culpa minha.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O ciclo sem fim

de junho de 2006. e poderia ter sido escrito hoje.


Ver que tudo mudou. Tentando entender o porquê de tudo isso, por quê as coisas começam e terminam, por quê seguem sempre o mesmo caminho, por quê levam a gente ao céu para depois nos deixar despencar lá de cima. Doí.

Acho que mais inesperado foi a falta de sentimento. Nervosismo por não saber como agir diante de tanta mudança. Outra pessoa, irreconhecivel, como se um estranho estivesse à minha frente. Cena do Simba com Scar, para ver quem demonstrava mais força, quem aguentava mais. Vontade de sacudir e perguntar o que aconteceu com a gente, porque fomos parar assim, tao longe da linha de partida, tao diferente do que a gente queria. Vontade de virar de costas e ir embora sem olhar para trás ou dizer algo, porque, afinal, nao há nada para dizer. Para que falar para quem nao se importa em ouvir? Nao vale mais a pena. Apesar das lembranças a corroer a mente, percebendo que algumas decisões e fatos sao irreversiveis sim. E quem foi que disse que nao sentiu nada? Acho que, na verdade, só nao senti nada do que acava que iria sentir. Tudo mudou, tudo morreu. Indiferente. Paz.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Olha minha cara de preocupada


Se existir pessoa mais orgulhosa/vingativa que eu nessa vida ainda tô pra conhecer.

Primeiro que eu não peço desculpas. tipo, nunca. Nunca acho que estou errada (até porque eu nunca estou mesmo - nessas grandes brigas, eu digo). Segundo que se eu estiver de mal com uma pessoa e algo de ruim acontecer com ela e sou do tipo que age com um 'é mesmo? jura? que coisa né?'. Nem pisco.

Nunca vou entender esse povo que tá jurando alguém de morte e aí a pessoa se fode na vida e pronto, best friends forever de novo. Passa por cima de todas as filadaputices que fizeram porque o alguém lá precisa de ajuda. Meu, eu quero mais é que se foda. Não divide as alegrias, tem que dividir as tristezas? Vai procurar quem tava com você até ontem, quem é parceiro de farra, quem você não foi escroto. Eu tô lidando com minhas histórias sozinha, lide você com a sua agora.

Nasci pra ser mocinha de novela que aceita tudo não. Nasci pra perdoar não.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

-Tem alguém mais insuportável do que eu? -Não, minha rainha.

Sério, eu queria entender como funciona a cabeça das pessoas que fazem algo mil vezes e se acham super no direito de ("é meu jeito!"), mas na hora que alguém age igual OH MEU DEUS QUE ABSURDO e da-lhe carinha fechada e birra e ~tô de mal~.

Um espelho da Branca de Neve, que em vez de mostrar que é mais bonita, mostra porquê as pessoas estão tendo aquelas atitudes. Mostra o passado, o que você falou, o jeito que falou, o motivo. E aí você se toca que oi, não é bem do jeito que você percebe. E talvez aí perceba a resposta de porque geral tá te tratando assim.

Porque eu não tenho mais paciência pra explicar. Nenhuma. Se foda aí mais um tanto.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vou correndo e não posso parar


Eu me estresso, todo mundo sabe. Eu quero resolver detalhes, eu quero ter controle de tudo que tá acontecendo, eu quero estar na liderança das coisas, porque aí eu sei que provavelmente elas vão ser do meu jeito.

É engraçado ver como essa nova característica minha se tornou bem forte na minha personalidade nesse último ano que passou. Divido com minha sócia-fundadora as responsabilidade do Noras de Gandhy (que já vai pro 3° ano), sou a única menina da Organização do Trote da faculdade, fui diretora de eventos da Comissão de Formatura e agora sou presidente dela. Pode parecer besteira pra quem vê, como se fosse tão fácil quanto marcar um churrasco com os amigos. Mas só quem é do do Mev sabe o quanto o trote e as festas de lá são importantes, só quem se forma sabe o quanto a formatura vale e só quem criou e faz até as roupas de um bloco de carnaval sabe como é especial.

Eu levo a sério, tudo. Quero que todos esses 'eventos' sejam daqueles memoráveis, os melhores, que todo mundo para e fala "PORRA, DE FUDER". Precisa ser de fuder. Porque eu tenho que botar pra fuder. Eu tenho que ser memorável.

Mas tem horas que dá vontade de desistir de tudo. Como hoje, quando eu olho pra minha caixa de emails enviados e vejo que em 6 horas eu respondi 17 emails sobre convites de formatura. Nas horas que você tá querendo beber e beijar pessoas e nêgo vem te dizer que não tem quem fique no bar ("por mim fecha o bar, eu tô bebendo minha vodca mesmo!"). E nas horas que uma coisa que era pra ser divertida vira briga, cansaço e choro. Porque eu choro. Eu nunca chorei tanto de cansaço e desespero quanto nos últimos meses. E você olha pra frente e.. suspiro. Vem mais por aí. Muito mais.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mes chagrins


É uma dessas coisas que, se você tivesse que fazer uma lista, estariam entre o top 10 de 'o que mais te irrita na vida'. Digo, quando falam "ah, mas você tem que entender que esse é o jeito dessa pessoa, você tem que aceitar que é assim que ela age, é assim que funciona na cabeça dela.". Olha, desculpa, não tenho não.

Quer dizer, você até pode ser do jeito que você quiser. I don't care. Também não vou mudar o que eu sou porque alguém tá achando que eu devia ser assim ou assado. Então nem tô pedindo para o mundo fazer o que eu esperava que fizesse. Mas isso não quer dizer que eu não espere.

Sabe, tem um código. Você errou, você peça desculpa. Não me interessa como você vai fazer isso, se vai escrever um depoimento falando sobre, se vai me ligar um dia qualquer e pedir pra conversar, se vai esperar me encontrar ao acaso e então falar. Mas, de algum jeito, de qualquer que seja, tem que haver esse pedido. TEM. Sem desculpas.

E enquanto não acontecer, me deixa quieta no meu canto. Se mantenha longe. Porque eu não consigo ser política, eu não sei fingir sorrisos e inventar assuntos pra conversas bobas, eu não quero brincar de 'tá tudo bem'. Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou. E o que eu sou agora é um tanto de mágoa, de decepção e de sentimentos mal resolvidos. E é exatamente isso que eu vou demonstrar. Entenda, é assim que eu ajo, é assim que funciona minha cabeça. Fica bem mais difícil quando acontece com você, né?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sucker love, a box I choose


I cheated myself, like I knew I would. Então estamos aí de novo, começando a jogar um jogo que eu já tinha virado o tabuleiro.

O pior é que sabe, não há instruções. A gente joga aprendendo, quase um '-eu não sei dançar -me acompanhe que a gente se vira', mas sem saber quem é o condutor de quem. E pés são pisados e ninguém tem direito de gritar, porque opa, eu nunca disse qual era o ritmo de qualquer jeito. Eu danço tango, ele dança funk. E nem combina, combina não.

E agora silêncio no salão, vocês ainda vão querer continuar a noite? Ou já passou da hora de juntar as tralhas que sobraram e ir pra casa? É cedo, é cedo, toma a saidera, toma mais uma caixa, fica até o dia clarear, faz da vida uma festa. Ninguém consegue. Até carnaval são só 6 dias. E agora que o céu já mudou de cor, é tarde, é tarde. Quando eu vou te ver, amor? No other box I choose to use.

Porque meu coração é um vagabundo, é prostituído por tudo que me faz rir, por tudo que me traz borboletas e tudo que me faz ficar aqui, acordada, essa hora, pensando e repensando no que aconteceu e no que vai acontecer e no que eu posso fazer acontecer. Ou não fazer. É uma escolha, sempre é, sempre. E quase todo dia eu vejo o sol nascer.

And if you really gotta know, I'm not doing so good. Porque falta tanta coisa, é só janela e cortina e eu odeio essa coisa mais ou menos. Quero mais mais mais, nunca o menos. Adrenalina, mesmo que artificial, mesmo que inventada, mesmo que dure pouco. E não quero mais o let's play pretend. Eu quero jogar pra valer, sem café com leite, sem dois altos. Quero o pino vermelho, deixa eu ser o pino vermelho. Eu deixo você começar. Você sempre começa. Eu só espero a minha vez.

You can catch me. But don't you run, don't you run. Nem sei por que. Nunca sei. É tanta coisa por dizer. Fica o dito e o redito por não dito. E eu fico sem respostas. Me questionando, over and over again, as mesmas perguntas. Get a load of me, get a load of you. É mentira. Eu nunca canso. Nunca.