quarta-feira, 28 de abril de 2010

And try to tell myself I can't go back to bed


Pra ler ouvindo isso


Vontade de escrever, mas sem conseguir fazer as palavras fluírem. Sem idéias pra explicar o que tem aqui dentro. "Estar calado também é comunicar-se."

Sei que me sinto sempre fazendo coisas que não quero fazer, porque tudo que eu quero fazer é.. ficar na cama com os olhos fechados. "Por mais que dormisse, estava sempre cansada. Visceralmente cansada."

Não sei por que. Inferno astral? Depressão feelings? Vida sem emoção? Casulo típico que rola de tempos em tempos? "Há dias em que me sinto vazia, como se um cansaço imenso e letárgico se tivesse instalado sem pré-aviso e me tolhasse o coração e o espírito. São dias em que acordar é pior do que ter um pesadelo e levantar-me da cama parece mais difícil do que atravessar o Atlântico a nado. Manhãs submersas em recordações e saudades, a sonhar calada tudo o que quis e nunca tive, mais o que mereço mas ainda não alcancei."

O nada. O simples nada. "Existe uma cadeira vazia no meio de mim. Vivo apenas os dias."

E não sentir ainda me parece o pior dos estados. Porque é como se você não vivesse. Você só existe. "Não estou mal e também não estou bem, a coisa preocupante é que 'não estou' ".



obs: Trechos em itálico de textos escritos por Margarida Rebelo Pinto e do livro Cem Escovadas Antes de Dormir.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tá difícil existir


Olha, eu nem queria postar agora porque eu tô puta da vida com o tarado do elevador que acabou de me constranger ao máximo por me comer com os olhos de cima a baixo mas hoje eu decidi que vai ser um dia de mudança na minha vida e então tive que vir falar sobre. Respira.

Depois desse fim de semana de cachaças e tweets, eu acordei hoje com algumas sensações não antes pertencentes a mim. Tipo vontade de vomitar e cabeça rodando. Não, sério, rolou um peso na consciência master e uma pergunta: que que cê tá fazendo da vida (de novo)?

Porque desde o semestre passado eu tinha decidido ser um tico mais responsável e me focar mais no que era certo do que no que eu desejava. Óbvio que isso não significou virar pica morta de carteirinha, desistindo da minha cerveja e da vidinha social vagabunda, mas cheguei no final do meu semestre mais puxado na faculdade com a sensação de dever cumprido. E confesso que essa satisfação de passar (bem) em todas as matérias me deixou bem alegrezinha. É aquilo que Poalli falou: "Os anos de experiência me ensinaram que tudo é dosagem. Se você respeita os seus limites e não extrapola, tudo dá certo. (O que não significa que eu sigo essa filosofia.)"

Aí eu comecei esse ano meio pra baixo. Meu verão foi cheio de todo dia ela faz tudo sempre igual (ou seja: acorda, toma remédio, bebe umas 4 cervejas, embebeda, dorme, acorda, come, vê seriado e fica no twitter até de madrugada). Saí somente no Festival. Eu só empolguei pro carnaval no dia que chegou. E nem o trote, melhor festa da faculdade, me fez feliz. Pra você ver, esse mês consegui sair uma vez: pra comemorar o aniversário de uma BFF (sendo que nem queria ir, porque era final do BBB). Tenso, bem tenso.

E agora, esses últimos dias pre-ci-sa-vam de paz e tranquilidade. Porque eu tinha prova da matéria mais difícil e da matéria preferida. E né. Veja bem. Eu embebedei sexta. Eu arranjei uma paixonite ~impossível~. Eu fiz jantar com minhas amiguês pra conversar bestagem. Eu MEGA embebedei domingo. E fiz merda atrás de merda. Aí me vejo acordando meia hora mais cedo e juntando os dedos pra rezar. "Deus... Quer dizer, Santo Expedito: faz minha vida diferente a partir de hoje. Me dá juízo. Me dá razão. Assim não tá dando mais.". De verdade verdadeira, prometo que rolou. E é nessa hora que você para e pensa: que absurdo de vida é essa, Mariana? Bora brincar de crescer? Tipo, urgente. Tá precisando.

Então vim avisar vocês que, além da devoção religiosa que já rola desde segunda passada, hoje eu comecei a trabalhar na esteira e na bicicleta com uma das BFF's. E né. Como Keu disse, deve ser a gêmea boa tomando conta da minha história. Porque nem combina essa minha nova personalidade. Mas meu, sério, também não combina mais essas atitudes porraloka de menina de 17 anos. Então bó brincar de fazer a transição dos vinte e poucos pra os vinte e tantos. Porque já já chega. E eu tenho que estar preparada. Oh, deus.

obs: Santo Expedito, meu novo BFF hoje me mostrou novamente os benefícios da nossa amizade: a prova de Anestesio era semana que vem, meu brothér me disse a data errada. Alívio. Pelo menos, isso.

domingo, 25 de abril de 2010

Visita anual à Terra do Nunca, última chamada


Eu não gosto de aniversários. Dos meus, eu digo. E acho que é até pior: eu odeio. Desde sempre, pelo que eu lembro. Ou não. Porque lembro de épocas que eu me vestia de chapeuzinho vermelho e ganhava filhote de Beaggle de presente e, puta que pariu, que mais que eu quero da vida além de fantasias de personagens infantis e filhotes? Nada não. Se eu pudesse fazer isso em todo 16 de maio, tenha certeza: eu ia amar meus envelhecimentos.

Mas né. Real life. É eu ficando mais idosa, é gente que eu esperava que se importasse nem mandando scrapzim, é galerê meio que cobrando uma comemoração, é saudadezitas de pessoas longe que tão se fazendo presentes de algum modo. E olha só, 24 anos? Sério, dispenso. Tô quase quase saindo da faixa dos vinte e poucos. E só eu sei quanto isso me assusta.

Eu não quero crescer. Eu não me considero adulta ainda. E pode rir aí do outro lado, mas bem, eu não tenho uma vida adulta. Adulta pra mim é quem tem vidinha nos trilhos, quem come arroz e feijão todo dia, quem acorda e veste uma roupa decente e vai trabalhar, quem paga imposto, quem SE paga. E oi, olha pra mim. Tô com as unhas rosa fúcsia, o cabelo ficou sujo de preguiça, não almoço quase nunca e deito pra dormir 5h da manhã. Minha roupa preferida é saia rodada, sapatilha roxa que doe horrores e uma babylook qualquer. E né. Eu prefiro ler Amanhecer que estudar Genética. 10 anos a menos me parece pouco pro que eu aparento.

Isso porque eu curto essa juventude. Ainda vivo uma vidinha marromenos do jeito que eu quero. Porque eu ainda posso faltar uma aula porque decidi ficar até de madrugada num boteco comemorando que Dourado ganhou o BBB. Ainda posso ver Coraline, achar o melhor filme ever daquele ano e baixar toda a trilha sonora. Posso querer um ovo de páscoa da Hello Kitty fantasiada de coelho. Me fantasio de coelho.

Mas então. Tá acabando. Me bateu um surto momentâneo de pintar o cabelo de uma cor muitcho linda mas chego e penso: oi, Mariana, não cabe mais. Não cabe mais comprar tênis vermelho. Não rola botar Trem da Alegria como toque de celular. Não-dá. E rola uma agonia porque eu devia ter aproveitado mais. Não sei nem como, porque, ói, amigo, aproveitei bastante e tô estendendo o máximo possível. E já me bate nostalgia de saber que a cada ano, vai acabando mais. Tipo que esse ano eu deixo de ser filha do meu pai. Hummm, corrigindo: deixo de ser legalmente dependente dele. Porque né. Nada vai mudar muito. But, anyway. Nunca parei e imaginei esse dia. Não sei se queria que chegassse.

E fora todo aquele Mc Blá de sempre, de minha mãe ter emprenhado de mim com 23 anos e eu estar só sozinha solteira, de ver nêgo mais novo ganhando horrores e eu mendigando mesada, de mal saber o que vou fazer no *futuro*, sendo que esse futuro já é presente e eu nem percebi.

Então, por favor, não gritem comigo por não estar vibrandinho pelas exatas 4 semanas que faltam. Mesmo que seja diretora de evento (?) de uma comissão de formatura, quero nada de festejar aniversário não. Eu não quero comemorar. Gente, alô, comemorar O QUÊ? Que vivi mais um ano? PAL-MAS. Mudei porra nenhuma desde o ano passado. Umas matérias a mais na lista do ‘já foram’. Mais peguetes que se transformaram em vergonhas e “um qualquer aê“. Mais festas e lugares que eu não consigo me adequar. Mais decepções e desentendimentos com caramelos. Talvez, de bom, um pouco mais de desapego que pode ser confundido com paciência e bola de amor, às vezes. Então né. Repito: comemorar? Sem hipocrisia. Além do mais, inferno astral: eu acredito. Mesmo que cague pra toda a baboseira do resto da astrologia, sempre rola. E já estamos nele.




Estrelinhas a brilhar, você vai encontrar... à voar, à voar, à voar.

sábado, 24 de abril de 2010

Já sabemos que isto é algo circunstancial


Porque sábado de manhã tem cara de desenho animado. Mesmo que você já esteja beirando os VINTE E QUATRO (oh, deus) anos.

E quando eu começo a me identificar com uma noiva cadáver, something is wrong, my dear.


E né. Vou ficar até quieta. Até porque tenho que. Eu, calada? Something is wrong, my dear, something is very very wrong.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

E desabafar todo o meu sofrer


É aquilo que eu digo. As pessoas julgam sem entender. Tipo agora, fui postar um trecho de uma música no twitter. Aí pensei: vai ter quem ache a música mega brega e fique falando que eu tenho mal gosto, vai ter quem reclama porque você tá cantando, vai ter os que dão reply escaldando.




Mas né.

Me lembra minha mãe. Me lembra todos os domingos existentes na semana que a gente passava no clube. Me lembra ela torrando no sol e a gente pedindo picolé Fura-bolo (o de morango imitando uma mão, com um dedo indicador com cobertura chocolate). Me lembra briga pra quem ia tomar banho primeiro e gritando "zerinhaaa" (antes da primeira) na escada de 3 andares. Me lembra os carros velhos. Me lembra todo mundo amontoado em colchões só pra poder dormir no mesmo quarto. Me lembra ela me dando responsabilidades maiores do que as que eu merecia, porque ela tinha responsabilidades maiores do que podia. Me lembra eu ganhando exatamente tudo que pedia, mesmo sabendo que não era nossa realidade. Me lembra ela saindo de trás da pilastra do prédio e dando susto quando a gente voltou da casa do meu pai. Me lembra o baú de brinquedos. Me lembra todas as surpresas que ela gostava de fazer. Me lembra eu pedindo pra minha vó pagar o presente do dia das mães, pra ela não saber que ia rolar. Me lembra as festas de aniversário mega perfeitas que eu tive. Me lembra a gente indo na Feira do Paraguay comprar telefone em formato de cachorro, boneco do Cavaleiros do Zodíaco, pasta com tintas, giz de cera, lápis de cor, patins. Me lembra ela falando "tchau, tchau, traz uma coxinha pra mim!". E fim.

Então né. Eu não tô me importando no que vão achar das coisas que eu quero dizer. Porque eu sei o PORQUÊ de estar escrevendo aquilo, de estar escutando aquilo. E só esse motivo já faz tudo valer a pena.



obs: Nem sei como consegui escrever isso aqui. Nem sei.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dizia ele: Estou indo pra Brasília, nesse país lugar melhor não há.



Porque hoje é aniversário de Brasília. (Eu falo Brasília de um jeito estranho. Quer dizer, estranho pro povo daqui de Salvador, pra galerê de lá, acho que é normal.)

Meu, como eu amo aquilo lá. Sério, muito mais do que essa vibe eu-só-quero-o-que-não-posso-ter que acontece mil vezes na minha vida, eu sempre quis estar lá, mesmo quando já estava. Sabe a sensação que dá quando você tá voltando de uma viagem cansativa, de horas e horas de confusão e o avião pousa no chão e você suspira “Cheguei”? Pois é. É assim que eu vejo meu corpo ir reagindo, aos pouquinhos, toda vez que eu começo a ver aqueles quadradinhos divididos perfeitamente lá de cima do céu. Só que minha viagem dura meses, às vezes até mais de um ano. E eu só me sinto realmente em casa nas férias.

E nêgo me pergunta por que eu curto tanto Brasília. Que não tem mar. Que não tem nada pra fazer. Que é seco. Que é cidade política. Que matam índios. Zzzzzzz. Meu, tô cagando pra mar, tô cagando pra índio (sim, tenho preconceito com indígenas e você não vai tirar isso de mim, por mais que seja politicamente errado. I can’t care less), tô cagando pra político. As pessoas vêm Jornal Nacional e acham que a cidade se resume à Esplanada dos Ministérios. Eu passo pela Esplanada e não penso um minuto sequer na crise política, na divida externa, nos candidatos ladrões da próxima eleição. Eu lembro que aquele ali é o caminho pra casa da minha melhor amiga e isso me faz sorrir. É uma questão de prioridades.

E sim, tem coisas ruins mesmo, como meu nariz fabricando insanamente melecas sangrentas porque a umidade tá em 10%. Tem os pardais a cada 5km que me fazem enlouquecer na paranóia de ser multada. Tem o vazio que rola nos feriados e férias. Tem a vibe Gossip Girl da galerê. Tem a mega distância de tudo. Tem o custo de vida alto (o que me entristece profundamente quando penso no pós-formatura). Tem o fato de eu ter me desacostumado com as opções de lazer que a cidade me dá (não que sejam poucas, mas são as erradas).

Mas né. Tem as ruas retinhas, sem buracos, com sinalização e endereços tão menos complicados. Brasília é toda certa e deve ser um dos motivos que eu curto: conserta minha desordem. Tem o Zoológico mais fofo. Tem festa na casa de brodér todo fim de semana, nem que seja pro esquente velho de guerra. Tem loja de bala barata na rodoviária. Tem sol sem suor de dia e frio-mais-gostoso pra usar bota e meia calça de noite. Tem o melhor crepe de morango com chocolate ever. Tem o marrom e o verde. Tem os bairros tão arrumadinhos, os prédios certinhos, as casas com piscina. Tem o fato de você SEMPRE conhecer alguém que conhece aquela pessoa que você conheceu há 5 minutos. Meu deus, mas que cidade linda. Tem minha família. E tem minha família (sim, duas vezes, porque tem os Coelhos/Carneiros e tem os Dias/Droescher). E né. Só isso já me bastava.

E porque quando eu penso hoje em dia em Brasília, eu tenho medo. Medo de fazer igual em 2004 e começar a re-pensar no meu retorno pós-faculdade pra lá. Anos atrás foi por causa da UFBa, foi por causa de preguiça de tentar, foi por namorado, foi pelas meninas. Hoje, é tanto mais a acrescentar na lista do que vou deixar pra trás aqui. E é cada vez menos o que vou ganhar lá. E só essa possibilidade da não volta (de novo) enche meu peito de um semi- desespero que fica até difícil respirar. Não me imagino mais tempo sem. Ainda me faz falta em imenso. Ainda me atrai mais que tudo. Ainda é o que eu quero e não consigo ter. Será que vai ser pra sempre?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

And I pray to be only yours.


Então que né. Eu peguei uma doença esse fim de semana. Desde quinta meio moribunda, sonolenta, completamente enjoada, anorexia, fraca, dores no corpo, sensibilidade na pele e todas essas coisinhas chatas que acompanham a virose/dengue/dengo que eu devo ter tido. Só que, senhoras e senhores, nenhuma desgraça vem só e eu tinha prova de Genética essa segunda. Genética, a matéria mais difícil desse semestre, porque além de ser difícil por si só, a professora é mei que subjetiva pra analisar suas respostas e oi, eu nem entendo a matéria pra argumentar qualquer coisa. E né. Se eu perder em Genética, eu não me formo, atraso um semestre todinho por causa dessa budega e sou deserdada de vez e expulsa de casa e todo o Mcblá já conhecido.

Aí dá-lhe Mariana chorando porque não conseguia estudar, Mariana chorando porque não entendia o que estudava, Mariana chorando porque não tinha a senha certa do site pra pegar todos os slides das aulas, Mariana chorando porque não sabia se era melhor fazer a prova na loka ou tentar a segunda chamada mega difícil. Y a mucha honra, Maria la del barrio soy.

Aí fui hoje, um trapo humano, sem rímel e sem esmalte, de chinelim fuleiro, tentar minha sorte. Cheguei mais cedo pra aproveitar a carona porque no way eu ia conseguir pegar ônibus nessas condições. Tô sentandinha lá no chão, quietinha, tentando saber quais seriam as cores dos filhotes de um labrador chocolate, filho de um pai labrador amarelo (que tinha mãe labradora preta), com sua mãe labradora indefinida (sim, essas são as questões). Senta um brodinho do lado, eu pergunto: "Que dia é hoje?" e ele responde: "Dia 19. Dia do índio. Dia do Exército. Dia da árvore. Dia de Santo Expedito." Eu rio com a qualidade calendárica da resposta e pergunto do que diabos Santo Expedito é santo (com o perdão da expressão). Ele fala que é o santo das causas impossíveis, das causas urgentes, dos estudantes, militares e viajantes. E eu fecho o olho e falo: "Então eu vou pedir pra me formar no tempo certo. E pra isso, não pode ter prova hoje". Corta a cena

Quinze minutos depois chega minha amiguê e eu levanto pra conversar com ela. No que ela: "Ouxe, Mariana, olhe ali: não vai ter prova não.". Meu. Meu. Meu. Eu olhei pra frente e um mini-cartaz, metade de uma folha de papel grudada na pilastra, rasurada e escrita na letra mais feia, dizendo que a prova de Genética tinha sido adiada pra próxima segunda. Então. Eu pulei, eu gritei, eu sai saltitando e abraçei a pilastra. Meu coração parou 5 segundos. E eu lembrei de Santo Expedito. Amigo, que rapidez, que habilidade. Virei fã. A número 1.

E é assim, no fim de uma manhã qualquer de abril, que Mariana sai da vida profana e pecadora pra virar devota do melhor santo da história de todos os santos santificados da santidade santa. Até o nome desse blog vai ter que mudar, porque oi, não posso mais escrever num lugar que se denomina putíssima. Coluna +18 como colaboradora em blog? Não posso. Noras de Gandhy? Nem sei o que é. Funk, dorgas, putetê: não me chame. Santo Expedito, é com você até o fim, tamo aê pra atender qualquer pedido seu. Só dizer.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Let’s hide for destiny.


Eu não quero ter que trabalhar em escritórios. Por favor, não.


Com esse fim-ainda-tão-distante da faculdade, vem o medo. Muito mais do que a empolgação com o semestre festeiro que se promete e com el grand finale. Fico com o estômago na boca, a bile quase pra sair, quando lembro que segunda depois da formatura, to lá eu, desempregada. A vala. Tá, tá, falta aí um ano e tanto e sei lá o que pode acontecer até lá. Mas hoje minha agonia já é essa, então me deixa sofrer de antecipação, because this is who I am.


E começo a pensar nisso em vários momentos. Quando professor paga sapinho de estágio, quando meu pai enche meu saco até não poder mais, quando meus amiguês tão de beca e eu tô na platéia, quando falta dinheiro no fim do mês. Mas hoje veio por uma coisa tão besta, tão inútl. Mas tão verdadeira. Lá vai: Eu não quero trabalhar em escritório.


Não, não quero mesmo. Foi jus-ta-men-te um dos motivos que me fez fazer veterinária. Eu queria emoções, queria adrenalina e queria mudanças. Todo dia. Queria sair no mesmo horário, mas sem saber muito bem o que esperar, sem saber que horas eu iria poder voltar. E olha que na época eu almejava mais do que hoje, desejava florestas, coletes marrons e dardos tranqüilizantes. Ok, ainda até desejo. Mas hoje meu *sonhozinho* é cheiro de éter, é cheiro de isoflurano, é cheiro doce de sangue. E sim, eu gosto. Amo. Aprendi a. Assim como gosto agora de bosta de cavalo e boi. Porque quando alguém me diz que o HospMev cheira à esterco, eu digo revoltada o quanto é bom. Me lembra fazenda, Clínica 2, Prática 4 e liberdade.


E outro dia tava eu pensando que queria um emprego fácil. Fácil do tipo trabalhar em casa, com um notebook e só. Sabe, a hora que eu decidisse que tava afim, falando no MSN com quem eu não estivesse com fobia temporária, vestida com a roupa mais esfarrapada, bebendo coca cola e comendo batata frita. Com as unhas da cor que eu quisesse pintar. E ganhando coisas como viagens, brindes, popularidade e semi-fama. Sim, eu também queria isso. Sim, eu iria enjoar em 6 meses e ia gritar que eu não agüento escrever nada obrigada e que transformei meu lazer em obrigação. E né, me falta o talento. Sim, falta. So, we are back to the start.


E aí eu lembro que é muito difícil conseguir isso. O emprego querido, eu digo. Porque meu bloco mais concreto é de estudar mais e mais até passar em concurso público. E ganhar dinheiro suficiente pra me sustentar e, quem sabe um dia, fazer o que eu realmente quero. Porque né. Já tão me cobrando. E, adivinha só: empregos concursados são (geralmente) dentro de salas fechadas, com ar condicionado e computador piscante. Não, eu não quero. De verdade, não. Me dá vontade de chorar só de pensar em.


Aí pronto, tô eu aqui, 03:26h duma manhã de sexta, num semi-desespero por acrescentar mais um item na minha lista Tensão Pré-Formatura. Porque tá longe, mas tá tão perto... E cada dia eu arranjo um novo motivo de não querê-la. Porque nem consigo mais ficar com sorrisinhos no rosto. É só escuridão e suspiros.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

I don't know and I don't know how to know, you know?

Me peguei falando que eu não combinava com tal pessoa porque ela era.. Responsável demais, digamos assim. Porque eu sempre acho que preciso de gente que me estimule, que me faça sentir empolgação, que me dê emoções. E lendo esse trecho de um livro de novo, eu tive a mesma sensação.

“Só um garoto adolescente concordaria com isso: enganar nossos pais pra consertar veículos perigosos usando o dinheiro que vinha da minha faculdade. Ele não parecia ver nada de errado nisso. Jacob era um presente dos deuses.”

Instantaneamente eu pensei: eu preciso de um garoto adolescente. Just like that.

Mas será? Será mesmo que eu preciso de outro ser igualzinho a mim pra me botar mais idéias malucas inconsequentes na cabeça? Pessoas que desistam das coisas ‘certas’ para se focar nas vontades e desejos momentâneos? Pessoas que se importem mais com o putetê, com o que traz risadas e adrenalina? Sabe, a vida não é só isso. Festas e diversão, eu digo. Aí fico pensando se não é justamente o oposto que falta na minha vida: alguém que me ponha responsabilidades e deveres na cabeça. Alguém racional pro meu lado rebelde. Alguém que me acalme. Mas eu já tive isso e né? E eu reclama justamente dessa falta de vida que a vida da gente tinha. Porque se eu brigo bizarro com alguém, essa pessoa tem que me fazer querer sair de táxi 3h da manhã, sem dinheiro, e atravessar a cidade, só pra ficar de bem. Aí eu sei que eu gosto, que eu sinto. Mas me traz toda a instabilidade que já tá saturada em mim.

Borboletas ou equilíbrio? Euforia ou serenidade? O que eu preciso?
Saco.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O não-ser, não-estar, não-sonhar.


Sabe quando você tá assim, com vontade de algo, mas não sabe exatamente do que?

Sabe quando você quer mudar alguma coisa na sua vida, ser diferente, mas ainda não descobriu qual é o item que tá errado?

Sabe quando alguém te pergunta se você tá triste e você não diz que sim, mas também não consegue dizer que não?

Sabe quando só dá vontade de tapar o ouvido e gritar?

Sabe quando tem alguma coisa estranha no ar, mas você sabe que não tem nada a mais ou a menos que ontem?

Sabe vontade de chorar do nada, só porque tocou uma música e você achou a melodia linda de morrer?

Sabe quando você está sozinho e quer companhia, mas, quando sai, se pega pensando “These are not my people, I should never have come here.”

Sabe uma agonia que não passa, um momento estagnado da sua vida, uma sensação de que devia ter algo mais que essa apatia cinzenta?d

Sabe quando você não sabe o que quer, só sabe o que NÃO precisa?



Pois é.