sábado, 1 de janeiro de 2011

O começo do fim

Eu nunca me empolgo pra reveillon. Quem me conhece sabe. Eu odeio festas grandes, dessas com open bar e ingresso de mil dinheiros, de gente mega produzida e bêbada nos cantos. E nem ligo pra essa coisa de 'virada de ano', porque pra mim é só mais uma mera formalidade mimimi que nêgo faz muito auê em volta.

Esse ano, a pedra já estava cantada. Se eu inventasse de parar pra pensar na vida durante a noite do dia 31, ia rolar uma deprê fenomenal. Porque 2011 vem e traz com ele uma quantidade tão gigante de mudanças e despedidas, que eu tenho certeza que nem noção da imensidão disso eu tenho ainda. Mas eu aceitei ir pra um 'mini-reagge', um encontro de uma galerinha na casa da família de uma amiga e depois come água na praia com aquela resenha besta que aprendi a me divertir nos últimos anos. Na esperança.

E aí que as coisas não foram do jeito que eu imaginava, não foram do jeito que foram combinadas. Já começou errado, sabe? A vibe, a energia, tava toda errada. A consideração em falta. Eu já sentia. Mas levei, porque a gente tem que relevar. E meia hora depois já tinha provas que ia me arrepender.

A noite toda foi uma coisa estranha. De horas dentro de um carro cheio, com toda a gente falando pelos cotovelos. De chegar em uma festa de família e não saber onde enfiar a cara, porque não fui apresentada a ninguém. De escutar a mãe da pessoa falando exatamente o que eu queria falar, o que eu já tinha começado a falar alguns minutos antes, de concordar com o coração com várias frases, mas sem poder dizer um 'ai'. De virar o ano com gente chorando do lado e todo o resto sem saber como agir. De ter uma pessoa de cada lado seu pedindo pra você pedir pra ir embora e você pedir e receber patada. De começar a ir embora e todo mundo sem saber o que fazer, pra onde ir, o que beber, porque o que tinha sido combinado não foi feito. De falta de atitude de falar uma frase, de tomar uma decisão, de dar uma opinião.

E então eu fiz o que sempre faço quando me vejo em uma situação que não quero: volto pra minha casa. E então a briga começou e não parou mais. Gritos, gritos e mais gritos. Só isso. Coisas jogadas na cara que eu nem pedi e nem fazia questão, coisas acusativas que eu sei que eu não mereço (pelo contrário), coisas faladas que eu já vi sendo faladas pra pessoas que não eram nada, coisas que você não vai poder apagar da memória ou 'desdizer'. Porque eu passei de melhor amiga pra 'quem é você?'. E aí morreu. Morreu nesse exato momento, porque eu sabia que era um ponto final, pra mim e pra ela. Por ela estar falando sabendo que era eu quem estava escutando, sabendo que eu saberia entender exatamente o que ela quis dizer com isso. E eu soube. Ponto final.

Eu disse ali no início que eu não ligo pra reveillon. Mas eu tenho somente uma tradição, minha, só minha, que só eu sei e só importa pra mim. Como no natal, que todo ano, alguns dias antes eu peço um 'presente' de algo que eu esteja querendo muito e que não dependa de ninguém mais pra conseguir. E todo ano eu consigo. No ano novo, eu faço o mesmo. Peço uma ou duas palavras que resumam o que eu quero pro próximo ano que vem. Em 2007 eu pedi 'um ano memorável'. Em 2008, paz. Em 2009, agito e paquera. E em 2010, adrenalina e desapego. E eu consegui em todos eles, ao pé da letra. Esse ano, meu subnick era '2011: the best season finale ever'. Porque eu sabia que iria ser um ano de últimos capítulos, de fins e pedi isso. E o pedido é cumprido, no matter what. Só esqueci que o jeito que ele é cumprido, já é outra história.

Começaram os fins, as despedidas, os últimos capítulos e os pontos finais. Nunca achei que seria dessa forma logo de princípio, tão doída, tão catastrófica, tão decepcionante. "He who foresees calamities, suffers them twice over." Não sei como viver sem ainda, como ouvir músicas e não lembrar, como pensar em tirar o nome dos agradecimentos, como pensar que não vai ter mais uma pessoa pra contar, pra saber que tem carinho gigante, pra chamar de melhor amiga. Depois de horas tô me permitindo chorar como eu queria desde que pus o pé pra fora do carro. E sei que ainda não é bastante. Nunca vai ser.



Tudo passa...Tudo sempre passará. (será?)

Um comentário:

  1. O que falar disso tudo? Bizarrice! Mas sempre te digo e repito: dê tempo ao tempo. Pri.

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