quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dona de mim

Sobre 2011

a ideia é ser mais blasée. eu ando um pouco cansada dos extremos. eu fervo ou gelo, minha mãe sempre diz. dra freud falou, outro dia, você é passional demais. você, no caso, era eu.

eu sou passional demais.

o pior é que ela está certa. eu faço drama pra qualquer coisa, eu levo tudo às últimas consequências, eu sempre acabo arrasada, pro bem ou pro mal. eu choro até dormir, eu fico magoada de morte, eu me sinto injustiçada se as coisas não acontecem do jeito que eu quero. eu falo demais. escrevo mais do que devo, sobre coisas que talvez eu não devesse. me sinto facilmente rejeitada, destinada ao abandono. por meninos bonitos, por amigos, tudo e todos. tenho crises de ansiedade, me acho feia, burra, errada. como se fosse sorte as pessoas ainda me rodearem. acabo mais passive agressive do que eu deveria, o exato passive agressive que eu odeio enxergar nas pessoas, mas que eu faço igualzinho. medo de aborrecer, medo de desagradar, de ser desaprovada. em 2010 eu guardei essas coisas todas e vivi essa outra vida, que foi boa, foi ótima. mas eu não aprendi a desapegar desses sentimentos. então eu flanei lindamente como se nada disso existisse.

mas existe. está aqui.

eu sempre achei que eu fosse racional.

sempre achei que eu estava priorizando trabalho porque isso era o importante, e que depois todo o resto se resolveria. e eu evitei me encantar com meninos durante tanto tempo. foco no trabalho, eu pensava. ninguém é bom o suficiente, que valha o esforço, o desgaste. na verdade, tem um monte de gente que vale o esforço, que vale o desgaste. eu é que não sou pessoa talhada pra esse tipo de vida. por causa do drama. eu desmorono fácil. pareço feita de areia. basta encostar. basta não ligar. basta eu achar que fui abandonada, de novo e de novo. eu sou passional demais. eu não lido com abandono. não sou nada adulta pra isso. não sei sobreviver a isso, como todos os outros fazem, e seguir a vida, e não pensar. eu penso.

aos 31 anos, eu já devia saber lidar com essas questões. entender que nem sempre é pessoal, que nem sempre as pessoas me machucam de propósito. que nem sempre elas se importam, e nada disso é porque há algo que eu tenha feito de errado. é porque é assim que é a vida. e eu já devia saber que a vida é assim, a essa altura do campeonato.

acontece que eu não sei. e ser blasée é o exercício que eu me proponho, numa tentativa de me proteger do resto todo. do peso das coisas. do peso que as coisas não precisam ter. mas que eu ponho, toda vez. se eu conseguir ser blasée, então as coisas poderão ser mais leves. e eu não vou sair tão machucada, sempre. e eu não vou me rasgar no blog, e nem na vida. eu vou ter achado um ponto de equilíbrio, um meio-termo.


Cara, eu podia ter escrito isso. sou eu, todinha, igual. Ano passado eu tinha dito que queria pra minha vida 'adrenalina e desapego' e então, tive. Em 2010 fiz tudo que eu queria, vivendo no abismo, arriscando e me divertindo em imenso. E tentei me desapegar das coisas, não pensar tanto, não ficar sem dormir por uma coisa mínima, não tentar ler as pessoas nas entrelinhas. Consegui, em algumas coisas. Evitei algumas brigas porque deixei de lado aquela situação, não falei tudo que me vinha à cabeça, como sempre faço. Respirei 100 vezes, preferi por várias vezes desistir do que tentar entender ou fazer os outros entenderem. Blá blá blá whiskas sachê i can't care less. Quantas vezes disse isso? Quantas vezes pensei 'let it go'?. E assim foi. Foi uma vida mais positiva, mais tranquila, de só se divertir e não parar pra pensar se daqui a 1 mês ainda ia ser divertido ou se eu deveria ter feito isso mesmo ou se haveriam consequências ou se poderia ter sido diferente. Porque não foi diferente e é isso que importa. Pra que remoer e ruminar e repensar idéias que nunca serão fatos? Pra que pensar 'e se' se esse se nunca chega?

Mas será que a gente muda mesmo? Será que é eterno esse desamarro? Estou mesmo parando de ser Maria do Bairro pra começar a ser essa nova personagem mais centrada, mais madura, mais serena? Parando de gritar por bestagem e ficar sofrendinho e ir tomar satisfação e contar pra todo mundo e escrever em folhas de caderno tudo que estou pensando (e o que acho que a pessoa está pensando)? Parando de deixar os outros me afetarem tanto, de me importar com o que não é importante, de achar que só porque eu sou assim, todo mundo tem que ser? Sendo mais dona de mim?

Sei lá, sabe? Sei lá. Deixa o tempo dizer.

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