domingo, 25 de abril de 2010

Visita anual à Terra do Nunca, última chamada


Eu não gosto de aniversários. Dos meus, eu digo. E acho que é até pior: eu odeio. Desde sempre, pelo que eu lembro. Ou não. Porque lembro de épocas que eu me vestia de chapeuzinho vermelho e ganhava filhote de Beaggle de presente e, puta que pariu, que mais que eu quero da vida além de fantasias de personagens infantis e filhotes? Nada não. Se eu pudesse fazer isso em todo 16 de maio, tenha certeza: eu ia amar meus envelhecimentos.

Mas né. Real life. É eu ficando mais idosa, é gente que eu esperava que se importasse nem mandando scrapzim, é galerê meio que cobrando uma comemoração, é saudadezitas de pessoas longe que tão se fazendo presentes de algum modo. E olha só, 24 anos? Sério, dispenso. Tô quase quase saindo da faixa dos vinte e poucos. E só eu sei quanto isso me assusta.

Eu não quero crescer. Eu não me considero adulta ainda. E pode rir aí do outro lado, mas bem, eu não tenho uma vida adulta. Adulta pra mim é quem tem vidinha nos trilhos, quem come arroz e feijão todo dia, quem acorda e veste uma roupa decente e vai trabalhar, quem paga imposto, quem SE paga. E oi, olha pra mim. Tô com as unhas rosa fúcsia, o cabelo ficou sujo de preguiça, não almoço quase nunca e deito pra dormir 5h da manhã. Minha roupa preferida é saia rodada, sapatilha roxa que doe horrores e uma babylook qualquer. E né. Eu prefiro ler Amanhecer que estudar Genética. 10 anos a menos me parece pouco pro que eu aparento.

Isso porque eu curto essa juventude. Ainda vivo uma vidinha marromenos do jeito que eu quero. Porque eu ainda posso faltar uma aula porque decidi ficar até de madrugada num boteco comemorando que Dourado ganhou o BBB. Ainda posso ver Coraline, achar o melhor filme ever daquele ano e baixar toda a trilha sonora. Posso querer um ovo de páscoa da Hello Kitty fantasiada de coelho. Me fantasio de coelho.

Mas então. Tá acabando. Me bateu um surto momentâneo de pintar o cabelo de uma cor muitcho linda mas chego e penso: oi, Mariana, não cabe mais. Não cabe mais comprar tênis vermelho. Não rola botar Trem da Alegria como toque de celular. Não-dá. E rola uma agonia porque eu devia ter aproveitado mais. Não sei nem como, porque, ói, amigo, aproveitei bastante e tô estendendo o máximo possível. E já me bate nostalgia de saber que a cada ano, vai acabando mais. Tipo que esse ano eu deixo de ser filha do meu pai. Hummm, corrigindo: deixo de ser legalmente dependente dele. Porque né. Nada vai mudar muito. But, anyway. Nunca parei e imaginei esse dia. Não sei se queria que chegassse.

E fora todo aquele Mc Blá de sempre, de minha mãe ter emprenhado de mim com 23 anos e eu estar só sozinha solteira, de ver nêgo mais novo ganhando horrores e eu mendigando mesada, de mal saber o que vou fazer no *futuro*, sendo que esse futuro já é presente e eu nem percebi.

Então, por favor, não gritem comigo por não estar vibrandinho pelas exatas 4 semanas que faltam. Mesmo que seja diretora de evento (?) de uma comissão de formatura, quero nada de festejar aniversário não. Eu não quero comemorar. Gente, alô, comemorar O QUÊ? Que vivi mais um ano? PAL-MAS. Mudei porra nenhuma desde o ano passado. Umas matérias a mais na lista do ‘já foram’. Mais peguetes que se transformaram em vergonhas e “um qualquer aê“. Mais festas e lugares que eu não consigo me adequar. Mais decepções e desentendimentos com caramelos. Talvez, de bom, um pouco mais de desapego que pode ser confundido com paciência e bola de amor, às vezes. Então né. Repito: comemorar? Sem hipocrisia. Além do mais, inferno astral: eu acredito. Mesmo que cague pra toda a baboseira do resto da astrologia, sempre rola. E já estamos nele.




Estrelinhas a brilhar, você vai encontrar... à voar, à voar, à voar.

Um comentário:

  1. Ué, isso que é mulher de verdade... cresce na idade e mantém o espírito jovem. :)

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