sexta-feira, 16 de abril de 2010

Let’s hide for destiny.


Eu não quero ter que trabalhar em escritórios. Por favor, não.


Com esse fim-ainda-tão-distante da faculdade, vem o medo. Muito mais do que a empolgação com o semestre festeiro que se promete e com el grand finale. Fico com o estômago na boca, a bile quase pra sair, quando lembro que segunda depois da formatura, to lá eu, desempregada. A vala. Tá, tá, falta aí um ano e tanto e sei lá o que pode acontecer até lá. Mas hoje minha agonia já é essa, então me deixa sofrer de antecipação, because this is who I am.


E começo a pensar nisso em vários momentos. Quando professor paga sapinho de estágio, quando meu pai enche meu saco até não poder mais, quando meus amiguês tão de beca e eu tô na platéia, quando falta dinheiro no fim do mês. Mas hoje veio por uma coisa tão besta, tão inútl. Mas tão verdadeira. Lá vai: Eu não quero trabalhar em escritório.


Não, não quero mesmo. Foi jus-ta-men-te um dos motivos que me fez fazer veterinária. Eu queria emoções, queria adrenalina e queria mudanças. Todo dia. Queria sair no mesmo horário, mas sem saber muito bem o que esperar, sem saber que horas eu iria poder voltar. E olha que na época eu almejava mais do que hoje, desejava florestas, coletes marrons e dardos tranqüilizantes. Ok, ainda até desejo. Mas hoje meu *sonhozinho* é cheiro de éter, é cheiro de isoflurano, é cheiro doce de sangue. E sim, eu gosto. Amo. Aprendi a. Assim como gosto agora de bosta de cavalo e boi. Porque quando alguém me diz que o HospMev cheira à esterco, eu digo revoltada o quanto é bom. Me lembra fazenda, Clínica 2, Prática 4 e liberdade.


E outro dia tava eu pensando que queria um emprego fácil. Fácil do tipo trabalhar em casa, com um notebook e só. Sabe, a hora que eu decidisse que tava afim, falando no MSN com quem eu não estivesse com fobia temporária, vestida com a roupa mais esfarrapada, bebendo coca cola e comendo batata frita. Com as unhas da cor que eu quisesse pintar. E ganhando coisas como viagens, brindes, popularidade e semi-fama. Sim, eu também queria isso. Sim, eu iria enjoar em 6 meses e ia gritar que eu não agüento escrever nada obrigada e que transformei meu lazer em obrigação. E né, me falta o talento. Sim, falta. So, we are back to the start.


E aí eu lembro que é muito difícil conseguir isso. O emprego querido, eu digo. Porque meu bloco mais concreto é de estudar mais e mais até passar em concurso público. E ganhar dinheiro suficiente pra me sustentar e, quem sabe um dia, fazer o que eu realmente quero. Porque né. Já tão me cobrando. E, adivinha só: empregos concursados são (geralmente) dentro de salas fechadas, com ar condicionado e computador piscante. Não, eu não quero. De verdade, não. Me dá vontade de chorar só de pensar em.


Aí pronto, tô eu aqui, 03:26h duma manhã de sexta, num semi-desespero por acrescentar mais um item na minha lista Tensão Pré-Formatura. Porque tá longe, mas tá tão perto... E cada dia eu arranjo um novo motivo de não querê-la. Porque nem consigo mais ficar com sorrisinhos no rosto. É só escuridão e suspiros.

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