sexta-feira, 7 de maio de 2010

Borboletas inalcançáveis

Porque é assim desde sempre. Desde a primeira borboleta. Vício de querer o que não posso. Adrenalina, teimosia, imaturidade? Ou coração louco e eufórico?


"- Tu pertences a um tipo de mulheres que só vivem a plenitude do amor na distância ou na impossibilidade. És aquilo a que eu chamo uma Mulher Impossível, porque amas com todas as tuas forças os homens que por uma razão ou outra não podes ter. Para ti o amor é a própria luta pelo amor, não é uma construção nem uma edificação. Por isso não te casas, não crias as bases para ter uma família, e ser uma esposa exemplar.
- O pior é que assim nunca mais tenho família nem filhos.
- Claro que vais ter, como toda a gente. Um dia destes encontras uma pessoa com quem te dás bem e casas-te com a consciência que pode não ser para a vida toda mas casas feliz e tornas-te uma mãe exemplar e orgulhosa da sua prole como quase todas as mulheres acabam por ser.


Qual é afinal a forma certa de amar? Com paixão e sem limites, ou com moderação e sensatez? Recuso-me a pensar que é a segunda, mas constato que os amores duradouros que me rodeiam são exactamente esses.


Talvez o meu estado de encantamento seja exactamente este, o pré alguma coisa. Foi o que mais gostei de viver com o Ricardo e também com o Francisco. O ANTES DE. No durante as coisas já não correram tão bem. Talvez eu goste de gostar, goste de me apaixonar, goste do trabalho que tudo dá ao princípio, sem investir na realidade. E talvez a minha limitação seja exactamente esta; a de não saber sobreviver ao dia-a-dia sincopado e circular da monotonia da convivência permanente que mata quase tudo, a paixão, o fogo, o mistério e até a proximidade.


- Bem, esta conversa já está muito longa, mas sabes o que é que eu acho? Que tu no fundo ainda não cresceste, ainda vives o amor de uma forma lírica, muito adolescente. Eu espero que tu nunca percas essa frescura e entusiasmo pela vida e pelos outros, mas tens que crescer um bocado, Inês, não podes continuar a achar que és a Gata Borralheira...
- Ou a Dorothy, a correr pela estrada dos tijolos de ouro."



Um comentário: