sábado, 10 de março de 2012

Dos desabafos presos na garganta

Eu sinto falta de um diário. Deixei meu caderno de pensamentos em Brasília e ele bem já estava no fim, então não ia adiantar muito. Mas há um desejo gigante de escrever e escrever, sem saber do que estou falando e onde vou parar, com a consciência que não vou ser julgada ou ser lida por quem não quero que saiba da minha vida.

Há um tempo venho procurando assuntos diversos para falar em público, seja na internet ou no ao vivo, qualquer assunto que não seja as coisas pesadas que constituem minha vida. As pessoas falam que eu faço muito drama sobre tudo e olha, bem concordo. Mas aí lembro do tanto de coisa que aguento calada, que nunca abro a boca pra expor e veja bem. É tanto, tanto. Tinha uma menina na minha faculdade que culpava tudo na vida dela pela depressão que ela tinha. Depressão que veio por não inúmeros problemas, até reais e dignos. Mas sempre odiei essa atitude. De ser a coitadinha na vida, de culpar seus erros atuais pelo passado, de serem brandos e amenos com você porque existem situações piores do que aquela. Sempre engoli meus problemas a seco. Os grandes, eu digo.

E aí eu vou digitar ou conversar com alguém e antes olho pra todos os itens da minha vida e: silêncio. Não tenho do que falar, não tenho assunto que não seja um triste ou que provoque pena ou a famosa frase "ai, sei nem o que te dizer". Consigo fazer piadas em alguns temas ainda, naquela fuga de buscar o sarcasmo como uma forma de fingir que não tá doendo. Está. Muito. E minha risada quebra no meio e meu olhar deve ser triste, porque até as pessoas deixaram de acreditar que não me faz mal.

E é até engraçado a ironia de algumas situações. A confraternização exagerada com o "inimigo", como se fosse uma vontade de descobrir o porquê, uma busca pelo sofrer quando chego em casa. As pessoas reclamando de falta de dinheiro enquanto compram carros e viagens ou choramingando sobre seus empregos. A volta em looping infinito para o passado, simplesmente porque não há futuro. Novamente, uma risada vazia. Porque cansei de rir de mim mesma. Cansei de ser forte.

E cansei de falar também, de me explicar, de detalhar, de falar sobre. Sobre tudo e qualquer coisa. Até minhas histórias paralelas que me faziam esquecer o essencial não me agradam mais. Sufocam. Vi meus sorrisos se tornarem vazios e, aos poucos, começo a ver minha voz indo junto. Ariel, de novo. E só penso que quero refúgio, não sai da minha cabeça dias de isolamento e minha vontade é um edredon gigante e vários Twix. Até sarar, até curar. E vai?

Um comentário:

  1. Te entendo. Não sou exatamente como vc, mas te entendo verdadeiramente. Até mesmo pq quando se está com tantos problemas, ter que ouvir as pessoas contarem 'falsos' problemas (do tipo: "então q eu fui ao salão e pedi para ele fazer mechas californianas mas ele fez balaiagem! balaiagem! olha só isso! olha! como eu vou pra balada amanhã com ESSE cabelo? me diz? como?") ou falarem sobre a fulana 'q tá sendo corna pela décima vez, aquela otária. bem q merece' é dose. É praticamente insuportável. Mas. Vida social, devemos ter. Fazeroque.

    Eu até escondo bem. Sempre escondi. Nunca fui de falar dos meus problemas. Talvez por isso tenha descoberto q estava com gastrite com apenas 10 aninhos de idade. Mas há um ano e meio comecei a fazer terapia e percebi como falar com uma pessoa imparcial te ajuda. Como desabafar ajuda. Só que, por algumas razões (vide post inicial do blog), eu tive que parar de frequentar a psicóloga. E aí, ao inves de procurar outra, resolvi fazer melhor: criar um blog. Mas não divulgar pra ninguém. E não mostrar minhas fotos, não dizer meu sobrenome, não dar dados concretos sobre nada. Pq aí eu saberia q poderia falar sobre tudo o q quisesse sem ter medo de represálias... (bom, não deu 100% certo pq namorado xeretou o histórico e descobriu o blog. daí acabo nao podendo falar sobre algumas coisinhas.. mãs.. mesmo assim, compensa) E aconteceu o q eu nao esperava: pessoas vão até lá, se identificam, comentam. E é uma coisa deliciosa, né? Pq elas não fazem isso pq se sentem socialmente obrigadas (tipo qndo vc liga desesperada pra desabafar com alguma amiga e ela é socialmente obrigada a te ouvir e dizer 'putz.. q foda.. é a vida..'). Não, elas entram lá pq qrem. E se identificam. E dão sinceras palavras de conforto. Ou dão conselhos. Ou críticas construtivas. E isso é lindo, né? Eu acho lindo... Então, não suma do blog. Continue postando. E desabafando. Eu, pelo menos, estarei sempre aqui. Pq me identifico com vc. Pq, de alguma maneira estranha (eu sempre achei estranho as pessoas se 'gostarem' pela internet, mas agora eu entendo') eu gosto de vc e me preocupo em saber como andam as coisas... E acho até q, de alguma maneira, todos nós 'desabafadores internéticos' podemos nos ajudar, vendo outros tipos de problemas, outras perspectivas... Talvez nos ajude a mudar.. Talvez ajude a 'consertar' o q tá quebrado lá dentro. Não sei. Quem sabe?! Pq esse sentimento de querer só ficar isolada, no quarto escuro, debaixo do edredom, eu conheço bem. Luto contra ele t-o-d-o-s os dias desde 2006. E, por mais que tente imaginar um futuro, acabo presa no passado... remoendo o passado... embora saiba que isso não vai adiantar. Mas acho que, aos poucos (velocidade 1 metro/dia), vou conseguindo mudar... Alguma hora a cura tem q chegar, né?

    =* se cuida!

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