terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mais do mesmo

Meus amigos me adoram e certamente chorariam se eu morresse. Mas será que eles sabem que eu penso sempre na morte? Será que eles sabem que aquela garota alí no canto da mesa, de decote, de bolsa da moda, rindo pra caramba, contando mais uma de suas aventuras vazias e descartáveis, acorda todos os dias pensando: o que eu realmente quero com essa vida? Como eu faço pra ser feliz?

Será que eles sabem que se eu estou morrendo de rir agora, daqui a pouco vou morrer de chorar? E vice-versa? E isso 24 horas por dia? E isso mesmo com terapia, mesmo com macumba, mesmo com espiritismo, mesmo com meditação, mesmo com o namoradinho da semana. Será que eles sabem o tanto que eu sofro e o tanto que eu não sofro a cada segundo?

(Tati Bernardi)


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Medicada

Família, a base de tudo.


E então minha família conseguiu o que nada antes tinha conseguido. Milhares de problemas, como mortes, idas semanais ao hospital, estresse de vestibular, faculdade filadaputa, comissão de formatura, miséria de não ter dinheiro nem pra comer ou pegar ônibus por meses. Todos problemas menos do que isso, menores do que o agora. Em somente três meses eles conseguiram.





No meio disso tudo, eu só penso em usar a mesma frase que usei nos meus agradecimentos do convite da formatura: "Agradeço a minha família, por NÃO me ajudarem, de nenhuma forma existente". Igual, mas ao contrário.

"Tenho irmãos, pai, mas não tenho mãe. Quem não tem mãe, não tem família." (Platão)


It must have been good but I lost it somehow


Eu cansei de falar. Na verdade, não é cansar a palavra certa, já que só contei pra quatro ou cinco garotinhas o sentimento do mundo. É não ter forças para. Porque de que vai adiantar? Fico com pena das pessoas por estarem com as mãos amarradas e fico com pena de mim mesmo quando me vejo pelos olhos delas.

Em janeiro falei uma frase no twitter: "julho, chegue logo. agosto, não chegue nunca". E, meu deus, a frase do ano. Porque resume tanto. E na época eu nem sabia da loucura gigantesca que iria ser esse fase pós-formatura. Era só um medo de virar adulta, de ir embora, de sair da faculdade.

Tem um post meu mais antigo (Bobo da corte) que falo que queria vir pra Brasília pra ser feliz todo dia, em vez de ser feliz esporadicamente, em alguma festa, cachaça ou viagem louca. Que tinha cansado de sorrisos gigantes e lembranças memoráveis, queria era paz de espírito diário. E hoje olho pro lado e vejo que não consegui nada do que esperava. Pelo contrário, até. Não deito na cama e durmo sem pensar besteiras, como imaginava. Afundo minha cabeça no travesseiro e choro a vida toda, tudo que eu poderia ser e nunca serei, tudo que eu poderia ter e nunca mais terei. Fiz uma troca injusta, tão injusta. Só perdi o que eu já tinha. E não era mais o que eu queria, mas era algo. Difícil é não ter nada, nem de vez em quando. Nada.

Me pergunto incansavelmente por que a vida me deu isso. Se vai ser sempre assim, essa sensação de não ter NINGUÉM ali por você, de não ter ninguém no mundo que faria tudo por você e te daria tudo. Alias, nem é tudo. Só quero o mínimo. Só quero alguém que queira que eu esteja lá, que goste de me ter como responsabilidade. Não por obrigação, não por pena, não por falta de coragem de me dizer não. Que realmente queira, me queira.

É todo dia escutando frases que nunca achei que ia escutar, sejam elas ditas na cara, sejam escutadas sem querer, sejam faladas por atos. Gente que ofereceu ajuda por anos e, veja bem, quando eu finalmente preciso, cadê? Abismo. Gente que abre a boca pra dizer pros outros que faria tudo que estivesse a seu alcance e, olha só, me nega o básico.

Vontade de ir embora, pra qualquer lugar, pra lugar nenhum, me entende? Porque você em algum momento senta na cama e observa o nada. Percebe que vai ser sempre assim e você nunca, nunca vai conseguir o que precisava. Dez anos procurando, em cada canto, em cada lugar E não existe mais, foi embora junto. E eu quero ir também.

É demais para mim. É muita decepção, por muito tempo, em muitas direções, com tanta força. Eu não aguento mais.