domingo, 30 de outubro de 2011

wake me up when this whole fucking life ends


Então que minha vida tá uma bagunça. Gigante. Enorme. Como eu nunca achei que estaria, hoje.

Tudo que eu previa para meu futuro, desmoronou. Está em branco. Algumas coisas eu perdi porque dependiam de outras pessoas e elas resolveram que não estão a fim mais. Outras coisas eu perdi por não querer mais, não ter mais vontade de fazer, de lutar para conseguir.

É engraçado que nos últimos três semestres (sim, ainda tenho alma de universitária e divido minha vida em períodos de seis meses), a vida foi tão simples. Ok, meu cu, não foi simples porra nenhuma. Mas as coisas davam certo dentro de um limite de defeitos, sabe? Como quando eu perdi uma matéria e fiquei com medo de não formar mais, mas aí no semestre seguinte consegui pegar todas as restantes e mais ela e ficou tudo bem. Ou quando meu estágio supervisionado no lugar que eu queria deu errado e eu tive que ligar pra minha orientadora de monografia quase chorando e pedindo para ela ser minha orientadora de estágio também. E deu tudo certo, eu fui e não sei se minha monografia tinha saído tão boa se eu não estivesse em Salvador no período. Fora que depois fiz um curso na faculdade que inicialmente eu queria estagiar e, meu deus, a 2° opção, a opção do desespero, era mil vezes melhor? E paixonites que deram errado e eu agradeço por ter me libertado rápido. E coisas da formatura que não saíram como eu queria, mas hoje vejo que deve ter sido até melhor. Ou seja. Tiveram bagunças, óbvio, QUANDO minha vida foi perfeitinha, quando a vida de alguém é? Mas eram situações onde sempre existiam alternativas, onde sempre existia aquele plano B e às vezes essas opções secundárias se tornavam até melhores. E eu podia fazer o drama que fosse, na época, ficar depressiva e irritada por uns dias, mas passava. Porque eu sabia que no final, ia dar certo.

Agora, silêncio. Eu nem sei se isso é o começo, o final, o inexistente. Como saber então se vai dar certo? Não vai. Todas as alternativas são inviáveis, todas tem erros maiores do que o aceitável, todas me fazem querer desistir antes mesmo de começar. Minha real vontade é pedir uma pausa da vida, dormir por uns 2 meses e acordar pra ver se as coisas melhoram.

Porque o pior de tudo é isso, a espera. Não posso resolver nada agora, não dá pra simplesmente arrumar uma mochila e sair resolvendo a vida. Não depende de mim, não posso adiantar o calendário. E ninguém sabe o quão angustiante é esperar uma coisa que você nem sabe se vai dar certo. E se eu esperar e esperar, engolindo orgulhos e insultos, pra morrer na praia?! E se eu estiver aqui, morrendo todo dia, num sacrifício infernal e constante, pra descobrir lá na frente que não adiantou de nada e, olha só, vou ter que recomeçar do zero, sem nem saber por onde, sem nem saber pra onde?

Eu me pergunto o que eu fiz pra merecer todas essas coisas. Me pergunto quando a vida vai deixar de ser filha da puta comigo. Me pergunto como as pessoas acreditam em karma, sendo que, se eu nem sacaneio ninguém, como posso estar assim hoje? Me pergunto como as pessoas mandam eu ter fé ou rezar ou pedir algo a deus. Se existisse um deus, ele saberia que eu choro até dormir quase todo dia. E me faria parar de ter motivos para isso.


"São manhãs submersas em recordações e saudades, a sonhar calada tudo o que quis e nunca tive mais o que mereço mas ainda não alcancei. Existe uma cadeira vazia no meio de mim. Vivo apenas os dias."

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

And suddenly, it's hard to breathe



Então que minha nova piada sarcástica é que mais dia, menos dia, eu vou ser a nova Poalli (TDUD). E nêgo ri, eu rio. Mas a risada quebra no final, porque há realmente um medo de isso acontecer (ou chegar bem perto). É provavelmente a 5° ou 6° vez que eu me sinto assim na vida. Assim, eu digo, de não ter nem um lugar para morar, um lugar onde as pessoas QUEIRAM que você esteja (ou pelo menos não se incomodem), sem estar morando de favor, sem correr um risco real de ser expulsa a qualquer momento, porque só a pena que os outros ainda possuem por você te segura ali mais tempo. Essa vez provavelmente é a pior, apesar de que todas as vezes que me encontrei nessa situação, terem sido as piores épocas da vida. Mas foi a vez que eu menos previa, foi a vez que aconteceu várias vezes em um curto intervalo e foi a vez que eu mais me decepcionei.

E nessa paralisia emocional que sempre fico quando meu futuro imaginado cai em meio a um vão, penso muito em uma coisa só. Em uma pessoa e como seria tudo diferente. E eu definitivamente não conseguiria explicar isso em palavras. Mas cheguei quase no fim do livro Vacaciones (que sim, estou relendo) e uma página resume tudo. Resume tanto.

hoje é aniversário de dez anos da morte do meu pai e estou aqui olhando para a parede tentando entender como é que dez anos passaram despercebidos. sem querer ofender sua inteligência nem nada, mas você percebe que dez anos são uma década? que em setembro, quando eu completar 22 anos, terei passado mais tempo sem meu pai do que com ele? de alguma forma o tempo deveria ajudar, mas a verdade é que não ajuda nada e, se possível, até piora. o fato de estar vivendo minha pior fase também não anima muito. suspiro. tudo conspira.

quando as coisas estão bem horríveis mesmo, eu me torturo pensando que tudo seria diferente e melhor se ele ainda estivesse vivo. mas daí eu penso que se ele ainda estivesse aqui não teria irlanda, não teria argentina, não teria são paulo... e sem essas mudanças não seria eu – esse eu sentado aqui escrevendo no blog –, mas uma pessoa diferente (melhor, talvez?) a quem eu ainda não fui apresentada, se é que serei um dia. mas quer saber? eu apodreceria em campinas até o fim da vida se pudesse ter meu pai de volta mesmo que só por um momento.

E é tão igual. Eu geralmente penso em coisas como "ah, se minha mãe estivesse viva, eu não iria ter vivido metade do que eu vivi na minha adolescência, não teria morado em Salvador, não teria feito UFBa, não conheceria minhas melhores amigas, não teria tido meus amores, provavelmente nem seria veterinária". E isso as vezes conforta, porque leva você a pensar que o destino deve realmente existir e as coisas ruins na sua vida te levam a crescer como pessoa, te levam a uma nova vida que você nem faria noção que existia se não fosse por aquilo. Mais ou menos aquela coisa de Efeito Borboleta e ei, aceite as tragédias da sua vida, porque sem elas tudo estaria diferente.

Mas aí a vida te mostra como ela é, como as coisas são na realidade. E você quer que se foda todos os dias bons, todos os sorrisos que você já deu e as lembranças boas que vem com eles, tudo que você é hoje e nunca seria se o caminho tivesse continuado igual. Eu trocaria todos os dias de festas e cachaças e carnavais que tive pra ficar em casa assistindo tv todos os dias. Trocaria veterinária por qualquer curso do Senai com um emprego de caixa de banco. Trocaria minha formatura, que foi o melhor dia do mundo, por uma conversa de duas horas me ensinando o que fazer. Seria qualquer pessoa, boba, ignorante, sem experiências, sem alegria, qualquer pessoa. Eu não me importo. Eu não me importaria. Porque hoje é um dos dias que eu passo por coisas que eu não deveria estar passando, coisas que eu não passaria se ela estivesse aqui, coisas que só ela não me permitiria passar.

É incrível, sabe. A falta que uma única pessoa pode fazer na sua vida. Sem essa babaquice de "cada pessoa é única, cada um faz falta". Falo da diferença que haveria aqui, agora, se uma pessoa só no mundo ainda existisse. The piece is gone, left the puzzle undone. É incrível. Inacreditável.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Kansas


Tem um episódio de Dawson's Creek que a irmã do Pacey explica para o Dawson que Mágico de Oz é a maior incoerência filmada. Porque Dorothy passa o filme todo tentando voltar para casa, sendo que sua casa é retratada sem cores, em preto-e-branco, deserta. Então por que ela trocaria um lugar colorido, mágico e cheio de aventuras para voltar? Ela diz que a frase "não há lugar como nossa casa" é a frase mais falsa do cinema. E eu, que achava essa a única referência à Mágico de Oz digna de ódio, começo a entender.


As pessoas tomam conta demais da sua vida. Inventam coisas sobre você, sobre o que você está pensando e como está se sentindo. Porque é tão difícil perguntar e acreditar na resposta, né? Deve ser uma técnica que se adquire com a idade, essa de saber mais do que a própria pessoa sobre a vida dela. Querem viver por você, saber o que é melhor, como você deve agir.

Eu não sei se vou aguentar. Pensei isso quando tinha exatos 7 dias aqui. E repito frequentemente desde então. Eu sabia que ia ter esses problemas, mas não imaginava (ou não lembrava) que eram assim, tantas vezes, em tamanha intensidade.

É insuportável. Me sinto sufocada, vigiada, presa. to-dos-os-di-as. É como se eu tivesse 15 anos a menos. É como se eu não tivesse morado 4 anos sozinha, sem a ajuda de nenhuma dessas pessoas. É como se existisse uma guerra pra me fazer odiar o outro lado. É como se eu não soubesse o que EU quero pra MINHA vida. É como se eu não pudesse decidir, pensar, sentir.

Começo a me arrepender de voltar pra casa.