quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Repetido ad infinitum

Há momentos em que toda a ajuda psicológica do mundo não resolve nada. Por vezes, é preciso que o tédio se instale.

Você se aborrece de ter sempre menos do que todo o mundo parece ter, menos do que aquilo que deseja. Então, começa a pensar que talvez mereça coisa melhor, não porque aprendeu a amar a si mesma, ou por ter perdido todos aqueles quilos, ou por ter assistido a um caso incrível no programa do Dr. Phil, mas simplesmente porque ficou entediada. Entediada com o mesmo tipo de sofrimento repetido ad infinitum. Foi isso que aconteceu comigo, eu acho.

(Ele não está tão afim de você - o livro)


E eu podia escrever tudo novamente, em outras palavras, mas tá aqui já: http://putissimatrindade.blogspot.com/2010/11/eu-nao-tenho-esse-dom-de-apaixonar-as.html

domingo, 25 de setembro de 2011

Verdade desnecessária

"Muitas pessoas acham que o oposto de ser falso é ser rude". Acham que podem usar essa desculpa para falar qualquer coisa que pensam. Soltam pela boca uma bandeira da verdade, como se fosse necessário ser escrota para ser real. Não é, nunca é.

Como sempre digo, sempre: no dia que as pessoas entenderem a diferença entre ser verdadeiro e ser inconveniente, as relações vão ser melhores e mais harmônicas.

Queria que elas entendessem a preciosidade de um silêncio. Não concorde com aquele pensamento, não ache bacana aquela atitude, não ache que aquela seria seu jeito de fazer. Mas também não julgue. Não queira moldar. Permita que os outros tenham poder de escolher, que tenham liberdade pra seguir seus caminhos.

As vezes as próprias pessoas sabem que não é aquilo que elas querem. Ou que não estão bem. Você não precisa dizer. "A gente não precisa perpetuar complexos e problemas de auto-estima." A gente não tem esse dever de apontar o dedo e mandar ser diferente. Não tem esse direito.

E é por isso que falam que eu fico tão revoltada quando alguém se mete na minha vida que as pessoas tem medo de falar comigo e eu me ofender. E eu vou. Porque não acho certo, não acho pertinente. Eu vejo tanta coisa errada, tanta gente otária, tanta atitude bizarra e fico na minha. Engulo, desvio o assunto, olho pro lado, vou comentar com outra pessoa. Isso não é ser fraca ou falsa. É saber que cada um age do jeito que quiser. E se eu sei disso, por que você não pode saber? Por que não pode também só escutar as histórias e rir? Por que não pode esperar uma opinião ser pedida para da-la? Por que não pode ME deixar ser do jeito que EU quero ser?

É tão absurdo que vira uma daquelas coisas indiscutíveis, que não dá pra pedir para o outro entender. Ou você vem com essa capacidade ou vira incapaz pro resto da vida. E quanta gente desqualificada, quanta. E a errada ainda sou eu.





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

waiting, hoping, wishing


"Porque eu acredito no amor como verbo, não como substantivo. Acredito que a mulher que eu amo deve saber disso o tempo todo, pelos meus atos."

E é isso. As pessos tem que parar de achar que dizer um 'eu te amo" cura tudo. Eu costumava dizer que a frase mais linda que já ouvi era "minha vida se divide no antes e no depois de você", sem perceber o real uso da palavra 'depois'. Porque se ele quisesse estar comigo ainda, de verdade, a vida dele seria dividida no antes e no durante. E parece besteira pensar assim, "era só uma frase, não leve ao pé da letra", mas quando você analisa as coisas que passaram, distante, vê que é uma metáfora de tudo que aconteceu.

Aí penso também nas "provas de amor" que ele fez por mim. Os atos. De pegar uma estrada por 7h, em pé no onibus, pra me ver... Porque eu estava alucinada por saber que ele tinha beijado outra menina e porque eu ia sair com um amigo que dava em cima de mim no mesmo dia. De me ligar 80 vezes em uma manhã e passar a noite do lado de fora da minha casa e bater o carro.. Porque eu vi mensagens escrotas no celular dele. De se tornar a pessoa mais fofa do mundo, com declarações lindas, telefonemas de madrugada, mensagens o dia todo, surpresas e carinhos.. Porque eu tinha arranjado outro namorado e ele me queria pra ele ainda.

E percebi, aos poucos, que todas as grandes histórias tinham um porquê bizarro por trás, um motivo horrível pra ele estar fazendo uma coisa tão fofa. E eu não precisava estar com alguém que me fizesse passar pelo inferno pra depois fazer meu dia. Eu queria alguém que fizesse meu dia, todo dia, com poucas coisas, com little things. Porque amor é isso.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dating


Então, tava aqui pensando. A galera dos Estados Unidos com suas manias de fazer bailes durante a escola mudam todo um conceito de vida. Porque os adolescentes já são acostumados desde cedo a sair em casal, a convidar a menina/menino pra um encontro, a buscar ela em casa, ao que dizer (e fazer) no fim da noite. A sociedade já permite que eles pensem assim.

No Brasil, você vai pra festa com amigas. No máximo, pergunta pro cara se ele vai também, torcendinho pra ele chegar em você no meio do noite. Vocês se pegam num canto qualquer e vão pra casa sozinhos. Não tem a espera pra ver se vão te chamar (e quem vai), não tem as flores na porta de casa, não tem chegar no lugar de mão dada, não tem o cavalheirismo de pagar a conta, não tem o depois no carro, não tem romantismo nenhum. É patético.

Pior é que se isso fosse uma coisa exclusiva de adolescentes, vá lá, se entende. Mas a gente cresce acostumado com isso e fica meio abobado quando quer realmente encontros e não sabe como fazer funcionar. Ou o cara não tem atitude de convidar e fica esperando uma oportunidade, um evento em comum pra te ver ou os dois não sabem direito como agir e a noite toda se torna uma completa inconveniência, com "what the hell I'm doing here?" se repetindo mil vezes na sua cabeça.

E aí a gente fica vendo esses daitings e pedidos e despedidas perfeitinhos em filmes e seriados e quer morrer com a realidade que tem. É muito decadência. É muita carência.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Telespectadora

Pronto. Bastava isso. Somente isso. Que é muito, aliás. Estranho foi eu não ter me tocado que isso seria o quanto foi.

Estar numa faculdade estranha, que não seja a sua e nem tenha qualquer ligação com, cheia de desconhecidos. E, ao mesmo tempo, tão igual.

Os boa-praças, que já te recebem cheios de intimidade, sorrisos. As meninas certinhas de clínica, que devem ter passado 5 anos em cima de livros, com quem você nem conversaria nos corredores e banquinhos. O professor que sabe perguntar sem ofender, ensina tudo e explica o mundo. Os meninos de grandes que usam botas e chapéus e fumam e provavelmente bebem até a morte (e com quem eu definitivamente andaria). A galera do dominó na cantina, batendo na mesa e gritando, matando aula. A menina que é comissão de formatura e já tá arrecadando dinheiro e organizando festas e fazendo tudo do seu jeito (oi?!). A guria na van com a exata mesma blusa da Organização do Trote, na mesma cor, no mesmo corte, com o mesmo símbolo.

E doeu, sabe? A saudade. De ninguém, de lugar nenhum, de nada em especial. E, ao mesmo tempo, de todos, de cada canto, de tudo. Porque eu já vivi isso tudo, eu já fui parte desse cenário. E hoje eu assisto. Não me pertence, por mais que meu corpo esteja aqui, porque eu tô só de passagem. E eu ainda quero estar, quero ter, quero ser. Não aprendi a desapegar do que eu era, não consigo deixar pra trás aquela Mariana. E por mais que eu saiba que eu nunca mais vou poder ser ela, nada disso se tornou concreto na minha cabeça.

Está chegando. E doi. Doí tanto.