E aí que eu sou essa pessoa. Que fala alto, que bebe vodca e corre pro mar de madrugada, que fala palavrão toda hora, que desce até o chão em palcos. Que participa da organização de festas, que tem bloco de carnaval, que é presidente da turma, que faz palhaçada até pra professor mal-humorado de quem todo mundo tem medo. E, de repente, sou eu sozinha no São João.
Me irrita só em pensar em ter que conviver com gente eu-não-gosto-tanto-assim-de-você por mais de algumas horas. De ter que acordar e dar bom-dia pra quem, guess what, eu não me importo se você vai ter um bom dia, não me importo se você vai ter um dia de merda, não me importo se você vai abrir a porta da rua e tomar três tiros no estômago, porque o fato de você ter me acordado cedo, gritando e fazendo piada, faz você merecer isso. De ficar sozinha enquanto suas amigas estão com outros caras que vestem camisas cortadas apertadas, porque você tem toda aquela vibe de não conseguir se envolver com caras que você não conhece a menos de 6 meses. De dormir mal porque só de pensar de passar a noite na cama do quarto do lado ao seu já dá aquela agonia no corpo todo, então imagina só deitar em um colchão inflável, sem edredon, no frio, com desconhecidos do seu lado, roncando e deixando o celular tocar de madrugada. De ter que dançar com carinhas que você nunca viu na vida e nem nunca mais quer ver e responder a sequência ‘qualseunome-temquantosanos-deondevocêé-fazoquedavida-temnamorado?’ e, really, eu nem queria estar dançando com você, quanto mais conversando. De não poder entrar num ônibus de volta pra casa no dia seguinte, como você quer, porque a antipatia do mundo vai ser seu nome a partir daquilo e as pessoas vão passar o resto do feriado falando o quanto você deu mole.