terça-feira, 28 de junho de 2011

Histriônica e Apática


E aí que eu sou essa pessoa. Que fala alto, que bebe vodca e corre pro mar de madrugada, que fala palavrão toda hora, que desce até o chão em palcos. Que participa da organização de festas, que tem bloco de carnaval, que é presidente da turma, que faz palhaçada até pra professor mal-humorado de quem todo mundo tem medo. E, de repente, sou eu sozinha no São João.

Me irrita só em pensar em ter que conviver com gente eu-não-gosto-tanto-assim-de-você por mais de algumas horas. De ter que acordar e dar bom-dia pra quem, guess what, eu não me importo se você vai ter um bom dia, não me importo se você vai ter um dia de merda, não me importo se você vai abrir a porta da rua e tomar três tiros no estômago, porque o fato de você ter me acordado cedo, gritando e fazendo piada, faz você merecer isso. De ficar sozinha enquanto suas amigas estão com outros caras que vestem camisas cortadas apertadas, porque você tem toda aquela vibe de não conseguir se envolver com caras que você não conhece a menos de 6 meses. De dormir mal porque só de pensar de passar a noite na cama do quarto do lado ao seu já dá aquela agonia no corpo todo, então imagina só deitar em um colchão inflável, sem edredon, no frio, com desconhecidos do seu lado, roncando e deixando o celular tocar de madrugada. De ter que dançar com carinhas que você nunca viu na vida e nem nunca mais quer ver e responder a sequência ‘qualseunome-temquantosanos-deondevocêé-fazoquedavida-temnamorado?’ e, really, eu nem queria estar dançando com você, quanto mais conversando. De não poder entrar num ônibus de volta pra casa no dia seguinte, como você quer, porque a antipatia do mundo vai ser seu nome a partir daquilo e as pessoas vão passar o resto do feriado falando o quanto você deu mole.

Aí vem na sua cabeça essa preguiça gigante de tudo que você sente ultimamente. "A preguiça das pessoas, porque elas são muito chatas". Aquela lentidão de pensamentos, a necessidade de só ter coisas que não acarretem em um esforço, físico ou mental. O tédio que você tem, de conviver, dos lugares, das atitudes, da vida. "O desprezo pelas obrigações sociais e uma falta de consideração com os sentimentos dos outros.". Nada traz mais aquele deslumbramento , o olhar aceso, o coração batendo rápido, a mão suada. O frio na barriga. Acabou. Vem a indiferença, a resignação. Me faltam desejos. Me faltam vontades. O animo de lutar pelo que se quer, ir atrás de sorrisos, fazer o que você realmente gosta. Porque eu sei que eu vou desistir no meio do caminho, enjoar, me irritar, querer ficar sozinha. Isolamento, sabe? E a solidão se faz.

São limites. Eu não sei qual é o certo. A linha que muda tudo, onde que uma coisa se difere da outra. Até onde é normal, é fase, é meu, é personalidade? A partir de quando se torna algo que a gente deve olhar direitinho, um motivo de conversas com hora marcada, um razão pra ansiolíticos e calmantes e coloridinhos que trazem paz? Como saber?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

I'm free to be whatever I choose

Tava aqui pensando. Do bloqueio gigante que eu tô em escrever aqui sobre ir embora. Em escrever em qualquer lugar, em falar sobre, em pensar.

Quando o semestre passado acabou, no último dia das provas finais, com minha aprovação concreta, eu fui pra casa e chorei o mundo. De felicidade, por estar a 3 passos do fim e de tristeza, por estar a 3 passos do fim. Acabar a faculdade sempre significou voltar pra Brasília, porque eu só fiquei realmente presa em Salvador por causa disso. Aí passei os últimos meses todos me fazendo esquecer que eu ia. Porque tinha muitas outras coisas pra pensar e entre estágio, monografia e comissão de formatura, eu me escondi. E agora que tudo vai sendo resolvido, agora que eu tenho dias e dias livres, vem o desespero.

Lembrei outro dia da quantidade de vezes que eu desejei simplesmente entrar num ônibus e voltar pra "casa". E especificamente de uma vez, voltando da casa do namorado depois de uma briga, a noite, na chuva, de encostar a cabeça na janela, fechar o olho e imaginar o dia que eu finalmente pudesse escapar de tudo aquilo. De não ser obrigada a ficar aqui, a passar por tudo que eu passava, tudo que eu passei. De como minha vida seria diferente se eu simplesmente tivesse passado em outro vestibular.

A liberdade que eu queria, chegou. Nenhuma parede me prende mais a Salvador, nenhuma porta trancada que eu não tenha a chave. Eu posso ir embora hoje, se eu quiser. Voltar só pra defender minha monografia, entrega-la e tirar o diploma. Assim, nessa facilidade. Assim, num piscar de olhos.

Sobraram, então, as cordas invisiveis. As que eu penso todo dia e as que me fazem ter second thoughts. Algumas que eu já sabia que existiriam, os mesmos velhos laços que me ajudaram a fincar o pé aqui 7 anos atrás. Outras, novas, mas igualmente fortes. E as muitas que eu sei só existem porque são simples de existirem, mas que vão desatar o nó logo mais. Mas esse emaranhado de fios seria suficiente? Seria o bastante?

Hoje eu olho pro lado e me vejo sozinha. Não em um sentido de carência e tristeza, mas com a independência que eu nunca imaginei que já tinha. Meu último são joão na Bahia e eu passo em casa, comigo mesma. Não tanto por escolha, mas, no fim, o que importa são os fatos, não os porquês. E então, se é desse jeito, me faz pensar que é realmente hora de ir. Hora de saber que quem importa, vai se fazer notar onde quer que seja. Hora de saber que as coisas vão acabar e é melhor que acabem com um grand finale do que se esvaindo no vão. Hora de escolher um caminho e seguir, em vez de deixar na mão dos outros essa decisão. Hora de desapegar e largar o medo de deixar o conhecido. Porque o conhecido não me segura mais. Eu estou à frente dele, estou livre. Livre. And if it's wrong or right, it's all right.