quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Imagina só, que loucura, essa mistura.

Porque hoje é quarta feira e ao mesmo tempo que falta UM dia, em uma semana tudo já vai ter acabado. E me surpreende essa facilidade com que as coisas são esperadas e passam, do jeito que você pode passar trezentos e tantos dias esperando por uma semana, do jeito que você pode passar seis anos esperando por um dia. E as datas chegam e vão e você começa a esperar outra coisa e termina tudo num ciclo vicioso de aguardos, chegadas e partidas.

O cheiro de tinta tá pela casa toda, já rolam contas rosas pelo chão, tem cerveja na geladeira, o tênis saiu do armário, as saias chegaram, tem turbante rosa na cama. Meu coração bate mais forte quando ouve músicas que eu só ouço praticamente essa época do ano. As pessoas perguntando do Noras, perguntando do Balada, perguntando onde você vai ficar, perguntando com quem você vai. É festa na cidade, acorda pra ver.

Só que esse ano, me deparei com milhares de críticas e opiniões sobre o carnaval daqui que só mesmo gente que não é daqui pra expor. Gente que define carnaval como suor, pegação, banheiro sujo, empurra-empurra. Gente que acha que tem que gostar de axé pra gostar de carnaval. Gente que acha que carnaval e micareta são a mesma coisa. Gente que acha que a culpa do Brasil estar como está é porque nego curte carnaval (Zzzz). Gente que diz que apesar de não curtir, te respeita por curtir, mas aí para de te seguir no twitter porque você tá falando sobre. Gente que te acha fútil porque você gosta de carnaval. Gente que separa as pessoas em duas categorias: as que gostam e as que não gostam. E gente que não gosta.

Pra falar a verdade, eu já fui dessas pessoas. Já viajei pra Ilha porque não curtia essa vibe. Já fiquei dentro de casa vendo os blocos na tv e achando um saco. Já olhei torto e com risinho de deboche pra gente que tentava me convencer que era diferente do que se via na Tv. Aí eu fui.

É diferente de tudo. Diferente de tudo que você possa viver, diferente de tudo que você vê pela tv, diferente de micareta, de festa de camisa, de qualquer coisa que possa ser confundido. É chegar lá quinta feira com o corpo quase tremendo de empolgação. É sentir vibrar por dentro quando toca certas músicas. É ver o corpo todo arrepiado. É se fantasiar de Noras de Gandhy e rir até não poder mais com as brincadeiras. É chorar quando Tuca canta “Agora que o carnaval terminou..”. É fechar os olhos e ter milhares de filmes passando na cabeça.

Eu nunca vou conseguir explicar o que é. Nem se eu gritar com você, nem se eu tirar mil fotos, nem se eu filmar, talvez nem se eu te levar comigo pela mão pra mostrar. Sentimento não se explica, não se entende. Acreditam ou não. E também podem aceitar: não é nada do que você imagina que seja. Aceite, não aceite. Isso não muda nada pra mim, não muda minha alegria, não muda meus seis dias de felicidade. Podia mudar pra você. Mas é uma daquelas situações que só quem vive pode falar, só você estando lá pra ter a opinião verdadeira e sentir. Eu estarei e sei do que sinto. E não troco por nada. Eu sou do carnaval.

http://www.youtube.com/watch?v=AH2MDmkjtqg


Por Mary* Coelho