sexta-feira, 11 de setembro de 2009

No dia 6 de setembro

Tava aqui pensando que hoje é 6 de setembro e eu só fui descobrir há uma semana que essa segunda era feriado. Parece março, o tempo é como se tivesse parado, mal lembro o que fiz durante esse ano todo. Quando penso nas matérias que fiz o semestre passado me vem um branco incalculável na cabeça e não é porque as fiz mal, mas sim porque passaram por mim como se não me afetassem. Temo que isso se estenda pelos próximos 6 meses, há um mês estou em aulas e não me apetece ir a quase nenhuma. Ou muito chatas ou repetitivas ou professores que não me agradam ou horas demais e assuntos interessantes de menos.

Ontem disse no bar que não queria um namorado. Mas ao mesmo tempo sinto que me falta algo, que eu ainda não defini se é alguém ou alguma coisa. Sinto falta mas já não sei mais do que. Falta-me minha melhor amiga, porque essas noites de domingo com feriado na segunda são uma mistura de bom com ruim, tédio com obrigação de sair e queria ela do meu lado. Eu odeio obrigação de sair e deve ser por isso que chego de madrugada todos os dias da semana, mas quando posso acordar tarde, prefiro ficar em casa. Me tremo toda de vontade de ir pra rua e ter exatamente a mesma noite que venho tendo há um mês [ou há anos, sabe-se lá], mas continuo em casa. As pessoas me chamam de esquisita e dizem que eu enjoo da cara de todos com a maior facilidade e sei que estão todos certos, mas ao mesmo tempo, todos errados. Canso de quem é igual, quem tem a mesma essência todo dia, quem não me surpreende e me põe bocejos na boca. Talvez toda a gente seja assim, previsível, até mesmo eu, que na minha inquietude, já posso ser demarcada por ser assim.

E porque hoje, pela segunda vez na vida, eu acordei chorando porque chorava no sonho e passei o dia entristecida por isso. E não é um desejo dividir isso com toda a gente, mas a cada vez que vem essas ondas sinto que chego mais perto de falar. Mas me calo e talvez isso machuque ainda mais e talvez machuque de um jeito ou de outro. As pessoas tendem a fazer dramas por coisas tão minúsculas, como eu a pensar em quem vai no meu convite de formatura, quanto há tanta coisa mais a se pensar, a se fazer. É um mundo pequeno e eu não quero ser pequena.

E eu queria hoje uma estrela cadente igual a que vi outro dia no Júlio César, que até meu pai reconhece, é meu segundo lar. Porque meu pedido ia mudar. Ou não ia nada, porque eu continuo a desejar, até mesmo sem saber que desejo, por mais que eu não queira desejar. É um saco se policiar em coisas que não são de sua escolha. Ou são? Acho que a gente tem mais controle de si mesmo do que pensa e culpa destino, coração e besteiras como essas porque não tem a força suficiente pra dizer que se aquilo ali não é bom pra sua cabeça, não devia ser bom pra nada mais.

Mas isso é muito bonitinho e fácil de dizer e eu sei bem que todas as vezes que eu chego num lugar, meus olhos fazem uma revista pra saber se encontro o que quero encontrar, pra saber se é hoje que meu coração vai bater até quase sair do peito e meu estômago vai despencar até o pé. Sim, porque o medo me tapa a boca, mas a saudade dessa sensação é tanta que já chego a desejar. Maldito um ano que passou rápido demais e me coloca a sentir coisas que eu já me achava curada. Meu Deus, isso nunca vai mudar? É inevitável ou eu que sempre estou a fazer o retorno e brincar comigo mesma de carrossel? Tenho medo, mas como já disse, meu medo vem ficando menor que minha vontade e aí vem outro medo, o medo de não conseguir ser dona de mim. E quando eu fui?


Descubro que me faltam 3 coisas essenciais: uma amiga, um amor, uma mãe. Coisas que eu não posso ter hoje, coisas que eu não posso ter tão cedo, coisas que eu nunca mais vou poder ter; não necessariamente nessa ordem. Não ter isso ou pelo menos algo disso me enche de uma agonia angustiante, me apetece sair pela rua agora e tomar sorvete na orla, desejo um telefonema, quero tanto e faço tão pouco ou por não poder ou por não poder querer.

Me sinto enjoada.